20/01/2021 - 12:16
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou a Casa Branca nesta quarta-feira (20), horas antes do término de seu mandato, e viajou para sua nova residência na Flórida, sem comparecer à posse de Joe Biden, que tomará posse à tarde como o 46º presidente da história de seu país.
Biden assume o comando com o objetivo de unir um país dividido e em crise. Situação que se reflete na transferência de poder, marcada por um esquema de segurança rigoroso após o ataque ao Capitólio na semana passada e pela ausência de Trump, que rompe, assim, com uma tradição de 150 anos.
Depois de deixar a Casa Branca, Trump se despediu em uma cerimônia militar na base de Andrews, nos arredores de Washington. Ali, desejou “boa sorte e muito sucesso” ao novo governo, sem citar Biden pelo nome.
Antes de partir para a Flórida, encorajou seus seguidores, afirmando: “vamos voltar de alguma forma”.
A decolagem de Trump no avião presidencial Air Force One coincidiu com o início de uma missa que reuniu Biden e líderes democratas e republicanos do Congresso antes da transferência do comando.
O futuro presidente, um católico devoto, estava acompanhado por sua esposa, Jill Biden, pelos democratas Nancy Pelosi, presidente da Câmara de Representantes, e Chuck Schumer, líder da minoria no Senado, bem como pelos líderes republicanos na Câmara Alta, Mitch McConnell, e na Câmara Baixa, Kevin McCarthy.
Biden prestará juramento pouco antes do meio-dia (14h de Brasília) em frente ao Capitólio, que foi alvo de um ataque de manifestantes pró-Trump há exatamente duas semanas. Cinco pessoas morreram no caos desencadeado em 6 de janeiro.
A cerimônia de posse não terá público e, em seu lugar, estarão milhares de bandeiras americanas para lembrar os mais de 400.000 mortos pela pandemia de coronavírus.
Segundo um porta-voz do Executivo americano, Donald Trump seguiu a tradição de deixar uma carta ao seu sucessor.
Donald Trump, que por mais de dois meses se recusou a aceitar sua derrota eleitoral, nunca parabenizou Joe Biden por sua vitória.
A correspondência deixada no Salão Oval para seu sucessor é uma tradição americana.
“Somos apenas ocupantes temporários deste cargo”, escreveu-lhe Barack Obama quatro anos atrás.
“Isso nos torna guardiães de instituições e tradições democráticas, como o Estado de Direito, a separação de poderes, a proteção dos direitos civis pelos quais nossos ancestrais lutaram”, acrescentou.
“Boa sorte”, concluiu, dizendo que estava pronto para ajudar “de qualquer maneira”.
Dentre todas essas cartas de presidente a presidente, a deixada, em 20 de janeiro de 1993, pelo republicano George H.W. Bush para seu sucessor democrata Bill Clinton, marcou os espíritos, pela dignidade e pela classe.
Evocando seu “sentimento de admiração e respeito” ao entrar no Salão Oval quatro anos antes, ele acrescentou: “Haverá alguns momentos muito difíceis (…) Mas não deixe que os críticos o detenham, ou façam você mudar de curso”.