22/01/2021 - 17:53
Vagas de estacionamento convertidas em grandes salas de zumba, terraços para spinnig e parques onde os usuários tonificam os músculos. As academias na Cidade do México se adaptam a espaços abertos diante do repique de covid-19.
Claudia Hernández se exercita sob os raios do sol no que até poucos dias antes era o estacionamento de uma academia.
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Junto com ela, outras oito mulheres com máscaras executam uma animada coreografia.
Por semanas, a consultora financeira teve aulas virtuais de zumba em casa. Mas após a autorização do governo da capital para a reativação de academias em espaços abertos na última segunda-feira, ela voltou às rotinas presenciais.
“Você tem que mudar os móveis, adaptar o seu espaço e até se sentir ridícula por aplaudir, torcer (…) Não tem a mesma iniciativa (em casa), os colegas mudam muito o seu humor”, disse à AFP Hernández, 48 anos.
A covid-19 afetou gravemente 35% das academias e clubes esportivos do México, que fecharam definitivamente.
A reabertura tímida veio em agosto com controles de capacidade e combinação de aulas online e presenciais, mas no dia 18 de dezembro o governo da capital voltou a restringir atividades não essenciais devido ao excesso de internações.
Só na metrópole, das 12.871 instalações cadastradas na Associação Mexicana de Ginásios e Clubes (AMEGYC), cerca de 4.500 fecharam por conta da crise econômica derivada da pandemia.
“Entendemos que se trata de uma reabertura muito parcial, mas temos certeza de que com os serviços que (por enquanto) oferecemos (aos associados) não nos ajudará muito”, admite Oriol Cortés, vice-presidente da AMEGYC.
– Paralisia crítica –
Embora grandes redes de academias como a brasileira Smart Fit, com presença em toda a região, tenham mantido sua atuação com aulas em plataformas digitais, o sindicato tem pressionado as autoridades a considerá-las como “atividade essencial”.
“Talvez por falta de informação, acham que somos descuidados e nos permitem atuar de forma escassa, quase nula”, reclama Cortés.
Por enquanto, as academias oferecem principalmente aulas de zumba, ioga, body combat e treinamento funcional para seus alunos, já que aparelhos como esteiras e bicicletas ergométricas permanecem em suas instalações, ainda fechadas.
Segundo Cortés, se a reabertura total das academias do país for adiada, cerca de 45 mil empregos podem ser perdidos.
A interrupção das atividades físicas é crítica para o México, que ocupa o primeiro lugar no mundo em obesidade infantil e o segundo em adultos, de acordo com o governo.
Durante o confinamento, o sedentarismo e o consumo de alimentos processados aumentaram, de acordo com uma pesquisa realizada por autoridades de saúde.
“Busca-se refúgio em muitas coisas (…), a depressão incentiva a comer ou simplesmente o contrário”, diz Hernández, que engordou seis quilos no início da quarentena.
Adina Neumann, funcionária de uma clínica de fertilidade, diz que os exercícios a mantiveram em forma durante a crise de saúde.
“É um bem-estar de saúde física e mental”, diz Neumann, de 35 anos.
O México, de 128 milhões de habitantes, registrou 1,7 milhão de infecções e 146.174 mortes pelo novo coronavírus na quinta-feira, segundo dados oficiais.