25/01/2021 - 8:49
O Fórum Econômico Mundial, que este ano abandona as neves de Davos e acontece em formato virtual, começa nesta segunda-feira (25) com o discurso do presidente chinês Xi Jinping, cujo país parece ter virado a página do coronavírus, pelo menos no plano econômico.
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Mais tarde, a presidente do BCE, Christine Lagarde, debaterá, ao lado do ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, do alemão Peter Altmaier e do CEO da Goldman Sachs, sobre como “restaurar o crescimento econômico”.
Em meio a uma pandemia que continua matando em todo o mundo, esta é uma questão-chave para autoridades, líderes empresariais e cientistas que participam esta semana de mesas redondas virtuais.
O otimismo que prevalecia em novembro, quando as vacinas se tornaram realidade, deixou de existir no início do ano, com a imposição de novas restrições, a progressão de variantes do coronavírus e atrasos que se acumulam na entrega das vacinas.
Durante a edição de 2020 do Fórum Econômico Mundial (WEF), o surgimento de uma misteriosa pneumonia na China suscitava apenas uma vaga preocupação. A elite econômica reunida no resort alpino estava mais interessada no combate travado entre Donald Trump e Greta Thunberg do que no confinamento decretado em Wuhan.
Um ano depois, quando os 25 milhões de casos foram superados nos Estados Unidos, obrigando o novo presidente Joe Biden a restabelecer restrições de entrada no território, o continente asiático volta a vigorar para esta 51ª edição, que acolhe os presidentes chinês e sul-coreano, bem como os primeiros-ministros indiano e japonês.
A Europa estará presente através do presidente francês Emmanuel Macron, da chanceler alemã Angela Merkel ou da presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen.
O governo Biden, que se comprometeu a se reconectar com o multilateralismo, envia o imunologista Anthony Fauci, assessor da presidência sobre a pandemia. Bem como John Kerry, enviado especial para o clima, após a decisão do democrata de trazer os Estados Unidos de volta ao acordo de Paris.
Um dos desafios da nova presidência americana será lidar com um mundo cujo centro de gravidade está se deslocando para a Ásia.
Além disso, depois desta primeira sessão virtual, “Davos” viajará para Singapura em maio. A cidade-Estado, com apenas 29 mortes por covid-19, é considerada segura do ponto de vista sanitário.
– “Vírus da desigualdade” –
Vários dados econômicos confirmam a ascensão da Ásia e principalmente da China. Única grande economia a crescer em 2020 (+2,3%), a China também ganhou participação de mercado: seu superávit em relação aos Estados Unidos aumentou 7% em 2020.
O PIB chinês deve se igualar ao dos Estados Unidos até 2030, dois anos antes do previsto antes da crise da saúde, de acordo com um estudo recente da seguradora Euler Hermès.
Finalmente, um relatório da ONU publicado no domingo mostra que, em 2020, a China se tornou o principal destino mundial de investimento estrangeiro direto (IED), superando os Estados Unidos.
A UE concluiu um polêmico acordo de princípio com Pequim no final de dezembro com o objetivo de promover investimentos recíprocos.
Outro grande tema a ser debatido esta semana será o das crescentes desigualdades, que ameaçam a coesão das sociedades.
Em seu relatório anual divulgado nesta segunda-feira, a Oxfam pediu uma tributação dos mais ricos para combater o “vírus da desigualdade”, calculando que os bilionários viram suas fortunas aumentarem em US$ 3,9 trilhões entre 18 de março e 31 de dezembro de 2020.
Por sua vez, os organizadores do WEF afirmam querer “refundar o capitalismo”.
Sem, no entanto, “pôr em causa esta ordem econômica em que as decisões das grandes empresas cotadas na Bolsa são definidas pelos acionistas que visam a rentabilidade máxima a curto prazo”, segundo Jean-Christophe Graz, professor de relações internacionais da Universidade de Lausanne.