27/01/2021 - 0:20
Usuários do WhatsApp em todo o mundo que se preocupam com a alteração nas regras da empresa quanto à privacidade de dados estão migrando para apps de mensagens concorrentes como o Signal e o Telegram. Em Hong Kong, alguns deles estão escolhendo uma alternativa que os faz recordar a infância –uma era anterior aos algoritmos, big tech e desinformação viral.
O ICQ foi um serviço pioneiro de mensagens na internet, na metade da década de 1990, usado nos PCs, na época das conexões discadas. Ao longo dos anos, o serviço foi modernizado, e agora é um app para smartphones. Recentemente, seu número de downloads disparou nas lojas de apps, com 3.500% de alta nos sete dias até 12 de janeiro.
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O WhatsApp, que tem cerca de dois bilhões de usuários, afirma não ter acesso ao conteúdo de mensagens privadas e que as mudanças planejadas em suas regras de privacidade se aplicam apenas a usuários empresariais. O app do ICQ não necessariamente satisfaz as preocupações dos usuários com relação à privacidade. As mensagens são criptografadas, mas o app é controlado por uma companhia da Rússia, onde o governo exerce controle firme sobre as empresas de tecnologia. Uma porta-voz do ICQ afirmou que as mensagens de usuários “não são compartilhadas com qualquer outra parte”, exceto por ordem judicial.
Muito antes das mensagens de texto, o ICQ –um acrônimo cuja pronúncia em inglês forma a expressão “eu procuro você”– permitia que usuários de computadores se comunicassem com seus amigos, do outro lado da rua ou do outro lado do mundo.
A Mirabilis, sediada em Tel Aviv, lançou o ICQ em 1996, e ele foi um dos primeiros programas de mensagens instantâneas a ganhar popularidade mundial. A America Online adquiriu a companhia dois anos mais tarde por US$ 287 milhões (R$ 1,5 bilhão), e por volta da virada do milênio o ICQ contava com cerca de 100 milhões de usuários.
A empresa russa de internet hoje chamada Mail.Ru Group adquiriu o ICQ da AOL em 2010, e desde então vem expandindo as capacidades, do serviço original baseado em computadores, fazendo dele um app para smartphones com recursos de conversa coletiva em vídeo, mensagens de áudio e mais.