O coronavírus começou a circular algumas semanas antes de os primeiros casos serem identificados e que pudéssemos dar um nome à nova doença. Cientistas procuraram sinais fracos dessa emergência silenciosa, investigando o Twitter.

O coronavírus SARS-CoV-2 surgiu na natureza várias semanas antes de ser identificado, provavelmente no início de dezembro de 2019. A doença de Covid-19, portanto, começou a circular antes de ser nomeada, compreendida ou os primeiros casos serem identificados. Nesse período, as pessoas foram atingidas sem saber da existencia da doença. Cientistas italianos da Escola de Estudos Avançados do IMT Lucca tiveram a ideia de investigar os sinais fracos já presentes nas redes sociais em dezembro de 2019 e janeiro-fevereiro de 2020.

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Em seu artigo de pesquisa, publicado em 25 de janeiro de 2021 na Scientific Reports, eles relatam sua investigação sobre a ocorrência de termos relacionados a sintomas do coronavírus, em mensagens postadas no Twitter.

Os autores se interessaram pela palavra “pneumonia”. Eles criaram um banco de dados reunindo centenas de milhares de mensagens contendo este termo e publicadas em diferentes idiomas (inglês, francês, italiano, espanhol, alemão, polonês, holandês). A base de dados vai de dezembro de 2014 a março de 2020, com o objetivo de detectar um desenvolvimento verdadeiramente significativo, e não apenas relacionado com o inverno. Todos os artigos de imprensa e mensagens oficiais, bem como os retuítes, foram retirados das estatísticas consideradas pelo estudo.

Os resultados mostram que as ocorrências da palavra “pneumonia” aumentaram significativamente na maioria dos países europeus durante o inverno de 2019-2020, em comparação com o mesmo período dos anos anteriores. O aumento é perceptível muito antes de 21 de janeiro de 2020 – quando a doença foi oficialmente identificada e nomeada.

“Também mostramos que os sinais vinham principalmente de regiões geográficas que acabaram sendo os principais focos de infecção” no início da pandemia, observam os cientistas. Por exemplo, na França, as mensagens apontavam principalmente para Île-de-France; na Itália, na região da Lombardia; na Espanha, em Madrid. Existe uma ligação entre a intensificação das ocorrências da palavra pneumonia e os focos epidêmicos mais importantes.

Os pesquisadores descobriram os mesmos padrões de aumento significativo e direcionamento geográfico para outros sintomas causados ​​pelo coronavírus SARS-CoV-2, como “tosse seca”.