N ão existe nada mais antiquado e ultrapassado do que as pesadas listas telefônicas de papel. Praticamente extintas pela internet, esses dinossauros da comunicação podem renascer na forma de um aplicativo. Essa é a ideia dos empreendedores suecos Nami Zarringhalam e Alan Mamedi, criadores do Truecaller, uma espécie de identificador de chamadas, mas que usa recursos de rede social para coletar a maior quantidade possível de números. A ambição do Truecaller é clara: criar a maior lista telefônica do mundo. “Alguns dizem que somos o próximo WhatsApp”, disse à DINHEIRO, sem nenhuma modéstia, Zarringhalam, fazendo referência ao aplicativo comprado pelo Facebook por mais de US$ 20 bilhões, em 2014.

É cedo para saber se o Truecaller se transformará num sucesso como o WhatsApp. De qualquer forma, o aplicativo já conta com mais de um bilhão de números telefônicos em sua base de dados e com 100 milhões de usuários, quase metade deles na Índia, seu principal mercado. Os fundos de investimento Atomico e Sequoia, famosos por colocarem dinheiro em empresas como Skype, YouTube, Airbnb, Dropbox e até no WhatsApp, já aportaram US$ 80 milhões na ideia dos empreendedores. Desenvolvida em 2009, a ferramenta funciona como um catálogo telefônico feito pelos usuários.

Quem baixa o aplicativo tem seu número automaticamente incluso na lista do Truecaller. Ele, então, recolhe os números e nomes que estão anotados nos contatos do smartphone. Além disto, sempre que o usuário recebe uma ligação de uma fonte que não está no banco de dados, o aplicativo pergunta quem ligou e a inclui. “Com o engajamento do público, rapidamente conseguimos montar um banco de dados poderoso”, diz Zarringhalam. O objetivo do empreendedor é focar seu crescimento no Brasil. A empresa abriu escritório em São Paulo, em janeiro, sob o comando do executivo Hermano Cintra, que também é responsável pela América Latina.

Três meses depois, já chega um milhão o número de brasileiros que utilizam a plataforma. O objetivo é chegar a 50 milhões até o fim do ano. No entanto, assim como a maioria de startups, a Truecaller não sabe, ainda, como transformar sua ideia em um negócio lucrativo. Além de anúncios, ela cobra US$ 0,99 por uma versão Premium. “Temos algumas ideias de como aumentar o faturamento de nossa empresa”, diz Zarringhalam. “Mas o foco atual é turbinar nossa base de usuários.” O WhatsApp, não custa lembrar, ainda não gera um centavo para o caixa do Facebook.