O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta segunda-feira (8) que o agravamento da pandemia na América Latina ameaça “frustrar uma recuperação já desigual” e que a economia regional voltará aos níveis anteriores à crise apenas em 2023.

Alejandro Werner, diretor do FMI para as Américas, e dois outros economistas alertaram em um post no blog da entidade que “a recuperação total ainda está muito longe”, apesar de uma melhora nas estimativas em relação aos prognósticos anteriores.

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“O produto da região voltará aos níveis pré-pandêmicos apenas em 2023, e o PIB per capita em 2025, ou seja, mais tarde do que outras regiões do mundo”, afirmam especialistas do FMI.

A região registrou 618.817 mortes e 19.571.506 casos da covid-19, um golpe que segundo o FMI levou 17 milhões de pessoas à situação de pobreza.

“De modo que não observamos uma redução de casos e principalmente nas mortes e no uso da capacidade hospitalar na América Latina no segundo trimestre deste ano, obviamente a recuperação que estamos antecipando está em risco”, afirmou Werner em uma entrevista coletiva virtual.

– Menor crescimento para Argentina –

 

Em 26 de janeiro, o FMI atualizou suas projeções para a região em 2021, projetando um crescimento de 4,1%, com revisão para cima das grandes economias do Brasil e México, que terão crescimento de 3,6% e 4,3%, respectivamente.

Essas projeções seguem um ano em que o PIB regional caiu 7,4% – segundo a projeção revisada – e estão abaixo do crescimento esperado de 5,5% para a economia global em 2021.

Nesta segunda-feira, o FMI adiantou que a Argentina sairá da recessão em 2021 com um crescimento de 4,5%, desempenho esse que está 0,4 ponto percentual abaixo do que o órgão projetou em outubro.

A Argentina, que entrou em recessão em 2018 em meio a um estouro do mercado de câmbio, está renegociando um programa com o FMI.

No alvorecer desta crise, o governo de Mauricio Macri recorreu ao FMI e obteve um acordo temporário de 36 meses estimado em 57 bilhões de dólares, valor recorde para a entidade multilateral.

Do total, o FMI recebeu 44 bilhões de dólares, antes que o sucessor Alberto Fernández renunciasse ao que resta pagar.

Agora, o governo Fernández voltou à mesa de negociações com o FMI e estabeleceu como objetivo chegar a um acordo em maio, quando vence a dívida de US$ 2,4 bilhões da Argentina com o Clube de Paris.

Enquanto isso, o organismo multilateral projeta uma expansão econômica de 5,8% para o Chile, acima do crescimento do PIB de 4,5% estimado em seu último relatório.

Para a Colômbia, o FMI calculou um crescimento de 4,6%, 0,6 ponto percentual acima de suas projeções anteriores, enquanto estimava para o Peru uma expansão de 9%, o que representa uma forte melhora em relação aos 7,3% do relatório anterior.

O Fundo enfatizou que a crise teve um impacto “desproporcional” sobre o emprego e as perdas se concentraram principalmente em mulheres, jovens e trabalhadores informais e menos qualificados.