Os dois milhões de habitantes de Auckland, a cidade mais populosa da Nova Zelândia, vão ficar confinados por três dias a partir desta segunda-feira (15) para lutar contra um surto da pandemia de covid-19, enquanto o Reino Unido lançou a quarentena obrigatória em hotel para os viajantes de países considerados de risco.

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, ordenou essa medida drástica depois que um primeiro surto de infecção com a variante britânica do coronavírus foi descoberto em dois dos três casos detectados em uma família da cidade.

Escolas e comércios não essenciais foram fechados na manhã desta segunda-feira e os residentes estão proibidos de deixar Auckland, a menos que haja um motivo convincente.

– Medidas “rápidas e contundentes” –

O ministério da Saúde disse que as investigações estabeleceram que dois dos três pacientes sofriam da variante do coronavírus que apareceu no Reino Unido. Os resultados dos testes da terceira pessoa ainda não são conhecidos.

“Estes resultados reforçam a decisão de tomar medidas rápidas e contundentes em torno dos últimos casos para detectar e erradicar a possibilidade de qualquer outra transmissão”, disse o ministério.

As autoridades ainda não sabem como essa variante chegou ao arquipélago, que parecia ter erradicado quase completamente o vírus.

As ruas de Auckland estavam desertas nesta segunda. No entanto, os centros de testes estavam superlotados e os motoristas faziam filas nos postos de controle da polícia para tentar sair da cidade.

Enquanto isso, a Inglaterra introduziu nesta segunda-feira a quarentena obrigatória em hotéis para os viajantes de países classificados como de risco, uma medida que visa impedir a importação de variantes do coronavírus.

Diante da epidemia, que já causou mais de 117.000 mortes no Reino Unido, o governo Boris Johnson quer preservar o benefício da campanha massiva que permitiu que mais de 15 milhões de pessoas fossem vacinadas.

– 1.400 dólares de multa –

A partir de hoje, os viajantes que chegarem à Inglaterra provenientes desses países serão confinados em um hotel e colocados sob vigilância por dez dias.

Os residentes britânicos e irlandeses também deverão seguir uma quarentena de dez dias, mas poderão fazê-lo em casa.

“Não será fácil para eles ficarem trancados em um quarto por 10 dias, sem ir a lugar nenhum”, disse Charlie Islam-Harry, diretora do Hotel St Giles, explicando que a equipe garantirá o bem-estar desses novos tipos de hóspedes.

O custo da estadia, a cargo do viajante, é de 1.750 libras (quase 2.000 euros, cerca de 2.400 dólares), incluindo os testes.

Além de terem um teste negativo nas 72 horas após a partida, deverão ser submetidos a um exame no segundo e no oitavo dias após a quarentena.

Os infratores podem enfrentar multas que variam de 1.000 libras (cerca de US$ 1.400) por não ter um teste negativo na chegada a 10.000 libras (quase US$ 14.000) para aqueles que tentarem escapar da quarentena no hotel.

“Tudo parece estar correndo bem esta manhã”, declarou o ministro da Saúde, Matt Hancock, à Times Radio.

Na Alemanha, a decisão do governo de fechar parcialmente suas fronteiras com a República Tcheca e o Tirol austríaco continua a provocar tensões.

Berlim havia sugerido que poderia fazer o mesmo com a França nos próximos dias, devido à situação de saúde no departamento francês de Mosela, onde se observa uma progressão da variante sul-africana.

Na América Latina, o governo do Peru enfrenta um escândalo com a renúncia de ministros que foram vacinados discretamente antes dos casos prioritários.

Após a renúncia na sexta-feira da ministra da Saúde, Pilar Mazzetti, no domingo foi a vez da chanceler, Elizabeth Astete, que deixou o cargo reconhecendo que havia sido vacinada contra a covid-19 em janeiro.

Sua renúncia foi imediatamente aceita pelo presidente interino Francisco Sagasti, que disse estar “indignado e furioso com esta situação que põe em risco os esforços de muitos peruanos”.

Na África, o Zimbábue, um país com economia e sistema de saúde decadentes, recebeu um primeiro lote de 200 mil vacinas anticovid doadas pelo fabricante chinês Sinopharm.

Por sua vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deve discutir hoje a possibilidade de conceder à vacina Oxford-AstraZeneca a validação de emergência necessária para distribuição em países pobres que carecem de vacinas.