01/03/2021 - 8:05
Centenas de ativistas se reuniram, nesta segunda-feira (1), em frente a um tribunal de Hong Kong, em apoio aos 47 opositores pró-democracia acusados de “subversão”.
Desde 2020, Pequim vem recuperando o controle de sua região semi-autônoma após a enorme mobilização pela democracia que abalou a ex-colônia britânica por vários meses em 2019.
Uma das principais ferramentas dessa repressão é a Lei de Segurança Nacional, em virtude da qual os 47 ativistas foram acusados de “subversão” no domingo.
Esta decisão foi condenada pelas capitais ocidentais, a começar por Washington e Londres, que acusam Pequim de não cumprir sua promessa de preservar as liberdades de Hong Kong.
A audiência desta segunda, na qual as acusações serão confirmadas, foi a ocasião para um protesto que não se via na cidade há vários meses.
As proibições para combater o coronavírus permitiram às autoridades impedir quase qualquer tipo de manifestação.
Centenas de pessoas, porém, apareceram esta manhã no tribunal de Kowloon na esperança de entrar na corte.
– “Libertem Hong Kong” –
“Libertem os presos políticos”, “defendam Hong Kong”, gritavam os manifestantes.
“Libertem Hong Kong, a revolução do nosso tempo”, diziam outros, ecoando o leitmotiv da mobilização de 2019, um lema que agora é ilegal segundo a Lei de Segurança Nacional.
Algumas pessoas usavam a saudação de três dedos, um símbolo de resistência em vários países asiáticos, como Tailândia e Mianmar.
Alunos de uma escola próxima também foram ouvidos aplaudindo os réus das janelas de seu colégio.
A tensão aumentou quando a polícia exibiu placas avisando que a manifestação era ilegal. Mas a multidão não se dispersou.
Kwan Chun-sang, um vereador local, disse que passou a noite na rua perto do tribunal para garantir ser um dos primeiros a acessar os bancos públicos do tribunal.
“Pouco depois da perseguição que foi lançada ontem, decidi vir e passar a noite aqui”, disse à AFP. “Quero mostrar meu apoio aos militantes pró-democracia”.
Um pequeno grupo de partidários do governo também aguardava no tribunal em apoio às autoridades.
“Punam severamente os traidores, apliquem as leis de segurança e coloque-os atrás das grades”, dizia uma faixa.
Os acusados de domingo representam um espectro muito amplo da oposição local, com ex-parlamentares como Claudia Mo, acadêmicos como Benny Tai, advogados, assistentes sociais e muitos ativistas jovens como Joshua Wong, já detido em outro caso.
Os acusados eram tão numerosos que três salas do tribunal foram reservadas.
Eles foram acusados pelas primárias da oposição, nas quais participaram 600 mil pessoas em julho, para aproveitar a imensa popularidade da mobilização de 2019 nas eleições legislativas marcadas para setembro, finalmente adiadas por um ano a pretexto do coronavírus.
Essas primárias desencadearam a ira da China, considerando uma “grave provocação”, uma tentativa de paralisar o governo local, e alertou que a campanha poderia se enquadrar na categoria de “subversão” pela Lei de Segurança Nacional.
A maioria dos candidatos foi posteriormente desqualificada pelas autoridades, mas os críticos de Pequim acreditam que a rejeição das primárias significa, em última análise, que qualquer forma de oposição agora é ilegal em Hong Kong.