05/03/2021 - 17:28
A economia dos Estados Unidos gerou mais empregos do que o esperado em fevereiro graças a uma flexibilização das medidas restritivas para conter o contágio pelo coronavírus, o que permite antever uma forte alta do consumo nos próximos meses.
Foram criados no total 379.000 empregos em fevereiro e a taxa de desemprego caiu levemente a 6,2%, informou o Departamento do Trabalho nesta sexta-feira (5).
As novas contratações ocorreram principalmente no setor hoteleiro e de lazer, que tinha sido duramente atingido pelas restrições implementadas na pandemia, e que criou em fevereiro 355.000 postos de trabalho.
Os analistas esperavam a criação no total de 200.000 novos postos de trabalho.
A cifra de janeiro foi revista em forte alta, de 49.000 novos postos inicialmente estimados para 166.000.
Tratam-se de empregos em bares e restaurantes, mas também em outras atividades vinculadas ao lazer e ao alojamento, assim como serviços de saúde, vendas varejistas e indústria manufatureira.
Caíram, no entanto, os empregos vinculados à educação, construção e atividade mineradora.
Estas cifras sugerem que o pior da crise passou e que os empresários parecem se concentrar no “mini boom” econômico esperado para a primavera no hemisfério norte.
A campanha de vacinação avança e as ajudas públicas maciças – além das despesas em queda – puseram dinheiro no bolso dos americanos, e por isso se espera um aumento importante do consumo.
O plano de estímulo de 1,9 trilhão de dólares, proposto pelo presidente Joe Biden, é objeto de debate no Congresso, mas poderia ser definitivamente adotado na próxima semana, embora com cifras um pouco menores do que a original.
– Insuficiente –
“A reabertura dos serviços será o elemento dominante para o emprego nos próximos meses” e “deveria aumentar a menos que um novo crescimento dos casos de covid, devido às variantes” do vírus “obrigue os estados a atrasá-la”, analisou Ian Shepherdson, economista da Pantheon Macroeconomics.
Este especialista espera um milhão de novos empregos em março.
“Se se acredita que (…) é ‘suficiente’, é preciso saber que neste ritmo (…) será preciso esperar até abril de 2023 para recuperar o nível (de emprego) de fevereiro de 2020”, tuitou o chefe de gabinete da Casa Branca, Ronald Klain, para moderar o otimismo.
Dos 22 milhões de postos destruídos durante a pandemia, a economia recuperou a metade.
A taxa de desemprego se mantém estável: passou de 6,3% em janeiro para 6,2% em fevereiro, em linha com o esperado pelos analistas.
Dezoito milhões de americanos continuam recebendo algum subsídio ao desemprego ou pela diminuição da renda.
O retorno ao pleno emprego em 2021 é “completamente improvável”, disse nesta quinta-feira o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, destacando que levará tempo.
Em fevereiro de 2020, a taxa de desemprego era de 3,5%.
A aparente contradição entre a forte criação de empregos e uma taxa de desemprego praticamente estável se explica em parte pelas dificuldades dos empresários em alguns setores. Os desempregados não estão prontos para voltar a trabalhar em qualquer condição.
A cifra do desemprego também se alimenta de trabalhadores que tinham deixado de procurar trabalho e que, com a melhora das perspectivas, voltam ao mercado para tentar conseguir uma colocação.