11/03/2021 - 10:50
Pouco depois das 14h45 da sexta-feira fria de 11 de março de 2011, os prédios começaram a balançar com força no nordeste do Japão, marcando o início de um dos terremotos mais violentos já registrados.
O terremoto de 9,0 graus de magnitude, que desencadeou um tsunami devastador e a pior catástrofe nuclear desde Chernobyl em 1986, é diferente de tudo o que Sayori Suzuki viveu até o momento em sua cidade costeira de Minamisoma.
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“Meu filho chorava muito e os objetos voavam das estantes”, contou esta mulher à AFP.
Os tremores da terra duraram vários minutos arrepiantes, derrubaram casas e racharam estradas.
Sentido até em Pequim, o terremoto também afetou Tóquio, onde os arranha-céus se moveram, incêndios foram declarados e os transportes públicos foram paralisados.
Mas o horror estava apenas começando.
Ao longo dos quilômetros da costa do nordeste do Japão, uma parte da crosta terrestre se afundou sob a outra, elevando uma parte do fundo do mar e liberando uma energia impressionante para a superfície.
Isso provocou uma série de ondas gigantescas em direção ao Japão, com um tempo máximo de 45 minutos para que os habitantes da região buscassem abrigo após o país declarar o alerta de tsunami.
– “Estava aterrorizado” –
“Peguei nosso avô e nosso cachorro e partimos de carro. A onda estava bem atrás de mim. Tive que ziguezaguear entre os obstáculos e a água”, contou à AFP uma sobrevivente, Miki Otomo, pouco depois da catástrofe.
A água destruía edifícios de concreto e arrastava navios, carros e escombros terra adentro.
“Pensei que minha vida tinha acabado”, disse depois Kaori Ohashi, que passou duas noites em uma casa de repouso com 200 idosos e outros membros da equipe.
Ohashi viu veículos e motoristas flutuando na água e pessoas desesperadamente agarradas às árvores antes de serem arrastadas por uma onda assustadora.
Rapidamente surge a preocupação com a situação das usinas nucleares da região.
As autoridades afirmaram que nenhum vazamento radioativo foi detectado, mas a imprensa informava sobre falhas no sistema de resfriamento da central de Fukushima Daiichi.
Três dos seis reatores da usina estavam em funcionamento quando sua energia elétrica foi cortada pelo terremoto e pelo tsunami, o que provocou um aquecimento e, em seguida, uma fusão no coração de seus reatores.
Um funcionário da central contou à AFP que as instalações começaram a tremer e fazer muito barulho quando ocorreu o terremoto. Esta pessoa subiu uma colina com seus colegas e pouco depois viu ondas que devoraram um poste de dez metros de altura. Os reatores eram como rochas no mar.
“Começamos a ouvir as pessoas gritarem: ‘Um tsunami está chegando!’. Vimos ondas cheias de espuma avançarem da baía em nossa direção. Eu estava aterrorizado”, contou.
À noite, o governo japonês declarou uma situação de emergência nuclear e pediu aos milhares de vizinhos da central para abandonarem a região.
– Vapores radioativos –
Enquanto imagens apocalípticas davam a volta ao mundo, milhões de japoneses privados de eletricidade e água tiveram que suportar temperaturas noturnas inferiores a zero grau.
No dia seguinte, os socorristas buscavam sobreviventes e vítimas em uma paisagem lamacenta. Centenas de corpos começaram a chegar à costa.
Um duto foi aberto na central de Fukushima para reduzir a pressão, o que liberou vapores radioativos. À tarde, uma explosão de hidrogênio destruiu o prédio do reator número 1.
Os reatores receberam água do mar para resfriá-los e evitar grandes vazamentos radioativos, mas duas novas explosões de hidrogênio abalaram os reatores 3 e 4, em 14 e 15 de março.
“Não queria que este bebê fosse exposto às radiações. Quis evitar isso de qualquer maneira”, declarou à imprensa local uma jovem mãe em um dos centros de evacuação de Fukushima, onde 200.000 pessoas encontraram abrigo depois da catástrofe.
O pânico se apoderou do Japão e do mundo. O preço das pílulas de iodo disparou e a área proibida ao redor da usina foi ampliada.
Em dezembro de 2011, as autoridades japonesas declararam que os reatores estavam em “desligamento a frio”, o que permite reduzir consideravelmente as emissões de material radioativo.
Desde então, o desmantelamento da central avança muito lentamente e deve levar entre três e quatro décadas pelo menos.
No total, o terremoto e o tsunami deixaram quase 18.500 mortos e desparecidos.