16/03/2021 - 18:39
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmou nesta terça-feira que não há provas de efeitos negativos da vacina contra a Covid-19 AstraZeneca, e segue convencida dos benefícios da mesma, no momento em que a OMS discute a questão, após a suspensão do imunizante decretada por vários países da Europa, onde o número de mortos pela doença supera 900 mil.
“Continuamos firmemente convencidos de que os benefícios da vacina AstraZeneca contra a Covid-19 superam os riscos envolvendo esses efeitos colaterais”, declarou Emer Cooke, diretora executiva do regulador europeu, com sede na Holanda. Quinze países, incluindo Alemanha, Espanha, França e Itália, suspenderam preventivamente o uso da vacina AstraZeneca, depois que problemas sanguíneos foram relatados em pessoas vacinadas, como dificuldade de coagulação.
+ Coid-19: Amapá decretará lockwdown de sete dias para conter pandemia
“Até o momento, não há provas de que a vacinação tenha causado essas afecções. Não apareceram nos testes clínicos e não contam como efeitos colaterais conhecidos, ou esperados”, disse Emer, acrescentando que a EMA leva a situação “muito a sério”. Ao ser questionada sobre as vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna, ela afirmou que estão sendo analisados os efeitos adversos graves em “todas as vacinas”.
O presidente francês, Emmanuel Macron, e o premier da Itália, Mario Draghi, consideraram animadoras as declarações da EMA, segundo comunicado divulgado pelo chefe do Executivo italiano.
– ‘Sem vínculo’ –
A OMS, que não se pronunciou hoje, mas avalia esta semana a situação, aconselha que a vacina continue sendo administrada. “Não queremos que as pessoas entrem em pânico e, por enquanto, recomendamos que os países continuem a vacinar com a AstraZeneca”, disse a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan
Além das dúvidas a respeito dos efeitos colaterais do fármaco, somam-se os problemas de fornecimento do laboratório para a União Europeia e o bloco “não descarta” apresentar um recurso judicial contra o grupo farmacêutico, indicou nesta terça-feira o secretário de Estado francês de Assuntos Europeus, Clément Beaune.
Paralelamente, a Comissão Europeia anunciou um acordo com os laboratórios Pfizer e BioNTech para acelerar a entrega de 10 milhões de doses da sua vacina contra a Covid para os países do bloco.
Em outras regiões do mundo, vários países também interromperam a aplicação da vacina AstraZeneca. Na América Latina, o governo da Venezuela anunciou que não permitirá seu uso, “em razão das situações, complicações, apresentadas”, segundo as palavras da vice-presidente Delcy Rodríguez.
A Indonésia, quarto país mais populoso do mundo, também anunciou o adiamento da campanha com o imunizante da AstraZeneca. Mas em outra nação do Sudeste Asiático, a Tailândia, onde o uso também estava suspenso, nesta terça-feira a vacina começou a ser aplicada. O primeiro-ministro, Prayut Chan-O-Cha recebeu a primeira dose.
– 100 milhões de vacinas Pfizer/BioNTech para o Brasil –
No Brasil, segundo país mais afetado pelo vírus, com quase 280.000 mortes, o governo espera acelerar a campanha de vacinação, muito lenta atualmente, com a compra de 100 milhões de doses do fármaco da Pfizer/BioNTech, que serão entregues até setembro.
As polêmicas prosseguem no governo de Jair Bolsonaro, que anunciou o cardiologista Marcelo Queiroga como ministro da Saúde, o quarto a ocupar o cargo em menos de um ano, para substituir o general Eduardo Pazuello.
O Chile, por sua vez, voltou a impor uma quarentena em nove municípios de Santiago, depois de registrar pelo quinto dia consecutivo mais de 5.000 novas infecções, no momento em que o país supera 5 milhões de pessoas vacinadas.
Em todo o mundo, a Covid-19 já matou mais de 2,6 milhões de pessoas e infectou mais de 122 milhões. Na Europa, continente mais afetado pela pandemia e que nesta terça-feira superou a marca de 900.000 óbitos, o aumento de contágios obrigou a imposição de novas restrições. Reino Unido, Itália e Rússia são os países com maior número de mortos.
Na França, autoridades sanitárias anunciaram a detecção de uma nova variante na região da Bretanha (oeste), mas descartaram que a mesma seja mais grave ou contagiosa do que a variante original.