Quando a primeira modelo colocar os pés nas passaarelas do São Paulo Fashion Week, nesta segunda-feira 28, o que se verá é simplesmente um desfile. Isso, aos olhos da platéia. Os executivos da Riachuelo têm outros motivos para comemorar a abertura do mais importante evento fashion do País. A rede de lojas investiu R$ 650 mil nestes cinco dias para estampar seu logotipo em placas e em filmes de 30 segundos entre uma apresentação de um estilista e outro. Mais que um patrocínio, é o símbolo de uma nova era na empresa. Desde que começou a apostar em moda, a Riachuelo vive uma efervescência. Nos últimos dois anos, o faturamento saltou 60%. A coroação veio em 2001, quando a empresa fechou o ano com R$ 900 milhões em caixa. ?A evolução da receita coincide com a opção de focar em moda?, diz Fábio Soares, gerente da divisão de moda feminina.

Estar de olho nas passarelas não é novidade para os executivos da Riachuelo. Combalida, a rede vinha convivendo com sérios problemas financeiros na década de 90. Há pouco mais de cinco anos, resolveu apelar à moda para dar um giro de 180 graus em seu destino. O salto para a notoriedade ocorreu, porém, em 1999, quando a empresa contratou o estilista Fause Haten para criar uma grife exclusiva, a Haten.F. Com isso, a Riachuelo, que durante muitos anos foi apenas um canal de escoamento das roupas confeccionadas pela matriz, a Guararapes, do Rio Grande do Norte, promoveu sua própria versão da revolução popular. ?Fizemos da moda algo acessível, aumentando a escala de produção?, explica Flávio Rocha, vice-presidente da Riachuelo. A fórmula é simples: a marca Haten.F não custa nem 5% do preço das peças da coleção original do estilista. E dá muita visibilidade às 70 lojas da Riachuelo. Hoje, a empresa tem uma equipe de estilistas e a Guararapes fornece apenas 12% das roupas moderninhas da rede. ?Estamos no setor de moda e não de roupas?, diz Rocha.

A idéia deu tão certo que a parceria com Haten foi renovada. Este mês, a Riachuelo lança a segunda coleção de roupas desenhadas pelo estilista. Desta vez, será uma linha de lingerie. Outra grande novidade é o projeto com a estilista Gloria Kalil. Ao entrar no site www.riachuelo.com.br, as clientes receberão dicas de consultoria fashion. Além disso, a consumidora poderá indicar suas medidas ? altura, cintura, busto e até cor do cabelo ? enquanto um programa monta seu biotipo. A partir daí, basta desfilar os modelitos antes da compra. A Riachuelo tem seus méritos. Grande parte do sucesso, porém, deve-se ao bom momento da moda nacional. A indústria têxtil faturou US$ 22 bilhões no ano passado. Mas existe ainda um grande caminho a trilhar. A Riachuelo está apenas começando.