O coordenador da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, um movimento formado por empresas e instituições comprometidas com a promoção da inclusão racial e a superação do racismo, Raphael Vicente explicou a articulação empresarial que visa o combate ao preconceito racial na tarde da quinta-feira (15), na live da DINHEIRO.

Ele também analisou a geração de oportunidades para os cidadãos negros nas empresas e avaliou as ações afirmativas raciais no mundo corporativo. “Os negros no Brasil vivem problemas sociais e raciais ao mesmo tempo”, afirmou Vicente durante a conversa.

A organização dirigida por ele representa mais de 70 empresas, como a Coca-Cola, P&G, Unilever, Facebook, Google e até a fabricante de vacinas AstraZeneca, que, separadamente, faturam mais de R$ 1,3 trilhão. Professor, Raphael Vicente trabalha com a certeza que as empresas precisam se posicionar publicamente muito além de acenos nas redes sociais.

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Para o especialista, é preciso ainda criar ações por meio de políticas, programas e iniciativas com objetivos e metas concretas de forma a garantir a igualdade racial de forma institucional. “Inclusão racial com resultado precisa estar no planejamento estratégico da empresa. Tem que mudar a estrutura das empresas.”

Vicente, que também é professor e Coordenador de Cursos da Faculdade Zumbi dos Palmares, disse que o número de negros em posições de liderança ainda é muito pequeno no Brasil. “No Brasil, as iniciativas das empresas contra o racismo têm um atraso de anos”, garante Raphael.

A Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial atua focada em três pilares – desenvolvimento de pessoas, cultura e governança, cadeia de valor – para buscar de fato uma transformação social no país. Para Raphael, existe uma escadinha racial hierárquica nas empresas que começa com um alto número de estagiários e supervisores negros, cai entre os gerentes e que desaparece entre os líderes.

O Índice de Inclusão Racial Empresarial (IIRE), estudo da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial com o Instituto Data Zumbi da Universidade Zumbi dos Palmares, mapeou ações afirmativas de 23 grandes empresas nacionais e multinacionais. A pesquisa revelou que apenas 29% dos profissionais negros ocupam cargos de gerência, 18,7% participam de conselhos de administração e 6,6% estão nas diretorias.

“O racismo no Brasil é tão sofisticado que ele não precisa de leis e de placas, diferentemente do que foi nos Estados Unidos. Ele é sutil na sua apresentação e tem resultados extremamente potentes”, conclui. Veja a entrevista completa: