22/08/2025 - 17:35
O Ibovespa fechou com forte alta nesta sexta-feira, tocando os 138 mil pontos no melhor momento e com quase todas as ações no azul, diante de apostas maiores de corte na taxa de juros norte-americana após discurso mais cedo do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole.
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Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 2,57%, a 137.968,15 pontos, tendo marcado 134.511,49 pontos na mínima e 138.071,55 pontos na máxima do dia. Na semana, acumulou ganho de 1,03%.
O volume financeiro somava R$ 20,85 bilhões antes dos ajustes finais do pregão.
Já o dólar à vista recuou quase 1% ante o real nesta sexta-feira, na esteira das fortes perdas da moeda norte-americana no exterior, uma vez que os investidores reagiram positivamente ao discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio econômico de Jackson Hole.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,99%, a R$ 5,4227. Na semana a moeda acumulou alta de 0,43%. Veja cotações.
Às 17h03, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,87%, a R$ 5,438 na venda.
O dólar no dia
Em falas mais cedo para o evento anual promovido pelo Fed, Powell disse observar riscos crescentes para o mercado de trabalho dos EUA, acrescentando que a perspectiva básica do banco central norte-americano é afrouxar sua política monetária, diante do patamar restritivo em que se encontra.
“Embora o mercado de trabalho pareça estar em equilíbrio, trata-se de um equilíbrio curioso, resultante de uma desaceleração acentuada tanto na oferta quanto na demanda por trabalhadores. Essa situação incomum sugere que os riscos de queda no emprego estão aumentando”, disse Powell.
No entanto, ele não sinalizou quando ou em qual velocidade a taxa de juros poderá ser cortada, ressaltando também a importância de se ter cautela conforme as autoridades aguardam por mais dados econômicos antes da próxima reunião do Fed, em 16 e 17 de setembro.
As falas de Powell foram suficientes para os agentes financeiros reforçarem apostas de que o banco central dos EUA poderá retomar os cortes de juros a partir de setembro.
No momento, operadores precificam 80% de chance de uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa, segundo dados da LSEG, ante 65% de probabilidade antes do discurso. Um segundo corte de mesma magnitude está totalmente precificado até dezembro.
Por outro lado, a maior economia do mundo ainda enfrenta um cenário incerto devido à imposição de tarifas elevadas pelo presidente Donald Trump, o que foi mencionado por Powell, sinalizando que as autoridades continuam preocupadas com um impacto altista sobre a inflação.
“Hoje a principal notícia foi o discurso do Powell em Jackson Hole. A economia dos EUA está em ponto curioso, em que riscos inflacionários estão um pouco para cima, e riscos de emprego estão um pouco para baixo”, disse Eduardo Aun, gestor de multimercados e de renda fixa da AZ Quest.
“Mas os membros do Fed vinham sinalizando que a decisão (de setembro) estava aberta, e aí Powell veio e disse que o cenário base é cortar a taxa de juros”, completou.
Juros mais baixos nos EUA tornam o país menos atrativo para investidores estrangeiros, o que, por consequência, acaba prejudicando o dólar ante seus pares fortes e emergentes.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,88%, a 97,740.
Na cotação mínima do dia no Brasil, o dólar atingiu R$5,4082 (-1,26%), às 12h23. Na máxima, a moeda foi a R$5,4761 (-0,02%), às 10h56.
O dólar ainda acumulou um ganho semanal no mercado brasileiro, onde os agentes financeiros seguem preocupados com o impasse comercial entre Brasil e EUA, após a imposição por Washington de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
A percepção entre investidores é de agravamento das relações bilaterais desde uma decisão judicial do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, na prática, impede que o ministro Alexandre de Moraes sofra as consequências de sanções econômicas impostas pelos EUA.
Após a decisão emitida na segunda-feira, o mercado doméstico passou a ver mais dificuldades para as negociações e ainda teme que uma resposta norte-americana possa impactar as operações de bancos nacionais.
Pela manhã, o Banco Central vendeu 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de setembro de 2025.