Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse ter pedido ao presidente Jair Bolsonaro em março do ano passado que revisse o posicionamento contrário às recomendações científicas para o enfrentamento à pandemia do coronavírus e alertado para o risco de colapso no sistema de saúde, segundo carta entregue pelo ex-titular da pasta à CPI da Covid do Senado.

No documento de três páginas, datado de 28 de março de 2020, Mandetta listou uma série de medidas que estavam sendo adotadas para impedir o avanço da doença no país àquela altura, mas sem o apoio do Palácio do Planalto.

“Assim, em que pese todo esforço empreendido por esta Pasta para a proteção da saúde da população e, via de consequência, preservação de vidas no contexto da resposta à epidemia do Covid-19, as orientações e recomendações não receberam apoio deste governo federal, embora tenha sido embasadas por especialistas e autoridades em saúde, nacionais e internacionais, quais sejam isolamento social e a necessidade de reconhecimento da transmissão voluntária”, disse Mandetta na carta.

“Recomendamos, expressamente, que a Presidência da República reveja o posicionamento adotado, acompanhando as recomendações do Ministério da Saúde, uma vez que a adoção de medidas em sentido contrário poderá gerar colapso do sistema de saúde e gravíssimas consequências à saúde da população”, acrescentou o ex-ministro.

Procurada pela Reuters, a Secretaria de Comunicação da Presidência não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre a correspondência.

Mandetta foi o primeiro ministro da Saúde do governo de Bolsonaro e foi demitido em abril do ano passado, após uma série de embates com o presidente com relação às políticas para enfrentar a pandemia.

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