RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA (Reuters) – O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é alvo de operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira, para investigar suspeita de crimes de corrupção e facilitação de contrabando de madeira, que inclui ainda outros agentes públicos e empresários do setor.

Decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou busca e apreensão de documentos e materiais eletrônicos em endereços ligados a Salles, e a quebra dos sigilos bancários e fiscal de janeiro de 2018 até maio deste ano.

Procurada, a assessoria de Salles informou que não tinha uma posição de imediato sobre a operação.

O ministro do STF determinou ainda, segundo a decisão, o afastamento de servidores federais do Ibama – incluindo seu presidente Eduardo Bim – e do Ministério do Meio Ambiente.

De acordo com a PF, as investigações que resultaram na ação desta quarta-feira foram iniciadas em janeiro deste ano “a partir de informações obtidas junto a autoridades estrangeiras noticiando possível desvio de conduta de servidores públicos brasileiros no processo de exportação de madeira”.

As medidas cumpridas pela Polícia Federal incluem operação de busca e apreensão em endereços de servidores federais e empresários, empresas ligadas à exportação de madeira e associações de madeireiros e concesssionários florestais no país, assim como a quebra de sigilos fiscal e bancário.

Segundo nota da PF, estão sendo cumpridos no total 35 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Pará e Distrito Federal.

Além de Bim, também foram afastados por ordem do Supremo o superintendente de Apurações de Infrações Ambientais e o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, assim como um assessor especial do gabinete de Salles, entre outras autoridades da pasta e da agência ambiental.

Procurados, o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama não tinham posicionamentos de imediato.

Salles já era alvo de um pedido de investigação no âmbito do STF por crimes ligados à venda ilegal de madeira, em que foi apontado pela PF como defensor dos madeireiros. Segundo o pedido, Salles chegaria a respaldar documentos supostamente fraudados de aquisição de madeira.

Após apresentar o pedido de investigação ao Supremo, em abril, o então superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, foi substituído do cargo.

(Por Rodrigo Viga Gaier e Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro, e Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu, em Brasília)

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