11/06/2021 - 6:22
A integridade do Reino Unido “não é negociável”, afirmou nesta sexta-feira o ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, em referência à difícil situação pós-Brexit na Irlanda do Norte, que provoca tensões com a União Europeia (UE).
“Não negociamos com a integridade do Reino Unido. Seja territorial, constitucional ou econômica, não está sobre a mesa, não é algo negociável”, disse Raab ao canal Sky News, em uma referência a declarações do presidente francês, Emmanuel Macron.
Na quinta-feira, o chefe de Estado francês se recusou a negociar os dispositivos do acordo de divórcio assinado entre os 27 e o Reino Unido sobre a Irlanda do Norte, província britânica que compartilha ilha com a Irlanda, que continua sendo um país membro da UE.
O presidente francês considerou que “não era sério querer revisar em julho o que foi concluído após três anos de discussões e de trabalho”.
Londres acusa a UE de adotar uma “abordagem muito purista” a respeito da aplicação dos dispositivos alfandegários específicos na Irlanda do Norte e que geram tensões nesta província britânica.
Estas medidas, negociadas no âmbito do acordo do Brexit assinado pelo governo do primeiro-ministro Boris Johnson, dificultam o comércio entre Irlanda do Norte e a ilha da Grã-Bretanha e geram descontentamento entre os unionistas leais ao Reino Unido.
“Eu penso que a bola está no campo da UE”, completou o ministro britânico das Relações Exteriores, que pediu à Comissão Europeia “um enfoque mais pragmático e flexível”.
A questão estava na agenda do primeiro encontro, na quinta-feira, entre o presidente americano, Joe Biden, apegado a suas raízes irlandesas, e Boris Johnson.
Os líderes da UE abordarão o tema no sábado durante um encontro com o primeiro-ministro britânico, que acontecerá de maneira paralela à reunião de cúpula do G7 na Inglaterra.
O Acordo da Sexta-Feira Santa de 1998 acabou com a violência entre republicanos católicos e unionistas protestantes, que deixou quase 3.500 mortos em 30 anos de conflito na Irlanda do Norte.
“Todos queremos (…) preservar o Acordo da Sexta-Feira Santa e assegurar que mantemos o equilíbrio do processo de paz”, afirmou na quinta-feira Johnson, antes de se declarar “otimista” de que os dois lados conseguirão.