15/06/2021 - 0:43
A primeira tripulação da nova estação espacial chinesa deve decolar nesta semana, na última etapa do ambicioso programa de Pequim de se estabelecer como uma potência espacial.
A missão marcará a primeira vez em quase cinco anos que a China lançará um voo espacial tripulado, uma questão de prestígio para o governo, que se prepara para celebrar o centenário do Partido Comunista no poder em 1º de julho.
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O foguete Longa Marcha, com três astronautas a bordo da espaçonave Shenzhou-12, está programado para ser lançado nesta quinta-feira a partir de uma base no Deserto de Gobi, no noroeste da China.
A tripulação passará três meses na Estação Tiangong, a missão espacial mais longa da China, e fará caminhadas espaciais entre suas missões.
Os astronautas buscarão “ter seu novo lar no espaço equipado e pronto para funcionar”, explicou Jonathan McDowell, astrônomo do Harvard Smithsonian Center for Astrophysics.
“É uma meta mais prática do que inovadora”, completou.
O foguete Longa Marcha, com a espaçonave Shenzhou acoplada, foi levado ao Centro de Lançamento de Satélites de Jiuqua, de acordo com a agência espacial chinesa.
O Shenzhou-12 irá atracar na seção principal da Estação Tiangong, que foi colocada em órbita em 29 de abril. No mês passado, uma nave de carga trouxe combustível, alimentos e equipamentos para a tripulação.
A China tem outras 11 missões planejadas no próximo ano e meio para concluir a construção do Tiangong em órbita, incluindo a instalação de painéis solares e dois módulos de laboratório.
Três dessas missões trarão astronautas para fazer o rodízio da tripulação.
“Manter a estação operacional envolve muito trabalho detalhado e complicado, como vimos nos primeiros dias da Estação Espacial Internacional (ISS)”, lembrou Chen Lan, analista da GoTaikonauts, especializada no programa espacial chinês.
Após sua conclusão, o Tiangong terá uma massa de cerca de 90 toneladas e deverá ter uma vida útil de pelo menos 10 anos, de acordo com a agência espacial chinesa.
A estação chinesa será muito menor que a ISS e semelhante à estação Mir soviética, lançada em 1986 e desativada em 2001.
– “Construindo uma grande nação” –
A China investiu bilhões de dólares ao longo de décadas para tirar o atraso em relação a potências espaciais como os Estados Unidos e a Rússia.
Até agora, enviou humanos ao espaço, sondas à Lua e, no mês passado, colocou um robô em Marte.
O interesse chinês em ter sua própria base humana na órbita da Terra foi alimentado pela proibição americana a astronautas do gigante asiático na ISS. Agora, faltam poucos dias para que sua tripulação chegue à Tiangong.
A mídia estatal informou em outubro passado que os astronautas foram selecionados para as próximas quatro missões tripuladas, embora suas identidades não tenham sido divulgadas.
Todos os 11 astronautas chineses até o momento foram pilotos militares.
Uma presença humana de longo prazo no espaço será um avanço importante para o programa espacial chinês.
O presidente da China, Xi Jinping, considerou a estação espacial chinesa um passo fundamental na “construção de uma grande nação de ciência e tecnologia”, após o lançamento do módulo Tianhe em abril passado.
A Estação Espacial Internacional, uma colaboração entre os Estados Unidos, Rússia, Canadá, Europa e Japão, deve ser aposentada em 2024, embora a Nasa diga que pode permanecer em operação além de 2028.
Se aposentada, Tiangong se tornaria a única estação espacial em funcionamento.
Embora a China não tenha planos específicos de usar sua estação para cooperação internacional, as autoridades espaciais disseram que estão abertas à colaboração com o exterior.