Com postos de atendimento encravados nos pontos mais distantes do País, o Banco do Brasil sempre foi sinônimo de agência bancária. São 7.027 unidades espalhadas por 2.991 municípios. Agora o banco brasileiro quer ampliar sua presença fora do País. Na sede, em Brasília, está sendo operada, silenciosamente, a maior mudança já feita pela instituição em suas atividades internacionais. O novo plano de vôo tem escalas previstas para América do Sul, Estados Unidos, Europa e Japão. O objetivo é deixar o banco com a musculatura mais forte para enfrentar os grupos financeiros estrangeiros.

A competição é cada vez maior e temos de estar prontos?, disse à DINHEIRO Rossano Maranhão Pinto, diretor das áreas comercial e internacional do BB. Segundo Maranhão Pinto, o processo de reestruturação dos negócios internacionais começou há cinco anos com uma reavaliação dos balanços das unidades do BB no Exterior. Na época, foi descoberto que a maioria delas tinha mais ativos que o estipulado pelas normas da Basiléia, que fixam as normas internacionais de operação de instituições financeiras. Resultado: após a reavaliação dos balanços, 7 bilhões de reais voltaram do Exterior diretamente para a caixa do banco. Só este ano, entre janeiro e junho, o BB já trouxe de volta US$ 300 milhões, que vão engordar as reservas em dólares brasileiras.

Com a divisão internacional, o BB está colocando em curso a segunda parte da expansão, que passa pelo Japão, Europa, Estados Unidos e América do Sul. Na Europa, a idéia é transformar o BB Ag, de Viena, em uma espécie de holding para onde serão transferidas as nove agências européias. As atividades no Velho Continente devem continuar centralizadas em Londres. Com isso, o banco brasileiro pretende reduzir a carga de impostos e tributos. Do outro lado do Atlântico, o plano é seguir a linha adotada na Europa. A partir deste ano Nova York vai centralizar todas as operações do banco brasileiro no mercado norte-americano, que conta com três agências, dois escritórios e dez mil correntistas. ?A colônia de brasileiros nos Estados Unidos tem um grande potencial. Queremos disputar esses clientes com os bancos locais?, diz Serrano. A palavra ?potencial? em números: em 1999, o BB enviou 87 mil ordens de pagamentos de brasileiros radicados nos Estados Unidos para o Brasil, um número quase oito vezes maior que os 10,5 mil do ano anterior. É exatamente para ampliar sua atuação nos EUA que o banco decidiu fechar acordos operacionais com bancos norte-americanos e utilizar as redes locais de agências para atender os brasileiros, a exemplo do acordo fechado recentemente como o Western Union.

Mas é no Japão que está a maior aposta do BB. O banco ? que já tem três unidades no país ? vai abrir uma quarta ainda este ano. Todo esse esforço tem lógica: o número de clientes no Japão dobrou em um ano e meio. O número já chega a 100 mil correntistas e o volume de depósitos já supera a marca de US$ 1 bilhão. Os clientes no Japão são os dekasseguis, descendentes de imigrantes japoneses que vieram tentar a sorte no Brasil na época das grandes guerras mundiais.

?Só entre janeiro e junho deste ano, o total de depósitos por lá cresceu 25%?, diz Rubens Amaral, responsável pelas operações do banco na América do Norte. A tecnologia desenvolvida pelo BB no Japão já dá frutos. O Banco do Brasil tornou-se a instituição responsável pelas contas dos dez mil peruanos que também foram tentar a sorte no Japão. Para acelerar a expansão internacional, o BB vai usar a Internet. O banco pretende usar ainda este ano seu portal na rede mundial de computadores para vender produtos e serviços para esses milhões de clientes que estão espalhados pelo mundo. ?Estamos negociando com as autoridades estrangeiras permissão para captar recursos em fundos de investimentos por meio do nosso portal?, adiante Maranhão Pinto. O BB já sabe o que fazer com parte do dinheiro que os brasileiros mandam do Exterior para o Brasil. Será destinado para as linhas de financiamento ao comércio exterior do BB, que foram de US$ 8,5 bilhões no ano passado, ou 19,8% das importações e exportações brasileiras.