21/06/2021 - 9:57
Por Neha Arora e Shilpa Jamkhandikar
NOVA DÉLHI (Reuters) – A Índia iniciou nesta segunda-feira uma campanha de âmbito nacional de administração de vacinas contra Covid-19 gratuitas a todos os adultos e atingiu recorde de 5 milhões de doses, depois de semanas de críticas segundo as quais uma distribuição caótica provocou escassez aguda e intensificou uma segunda onda mortal que matou centenas de milhares em abril e maio.
No início deste mês, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, reverteu uma diretriz que instruía os Estados a fazerem suas próprias encomendas às farmacêuticas e a administrar doses a pessoas de 18 a 45 anos juntamente com hospitais particulares.
Como a maioria dos Estados está fechando centros de vacinação para a população mais jovem alegando escassez, uma maioria procurou hospitais particulares que cobravam de 9 a 24 dólares por dose, e as defasagens de suprimentos entre áreas urbanas e rurais aumentou.
O país está usando doses da vacina AstraZeneca fabricadas domesticamente e a Covaxin da empresa indiana Bharat Biotech. O governo indiano está tentando obter vacinas estrangeiras, como a da Pfizer, e descartou regras rígidas para permitir importações mais rápidas.
Especialistas alertam para uma possível terceira onda, já que somente cerca de 5% de todas as 950 milhões de pessoas autorizadas está totalmente inoculada com duas doses, apesar de as infecções diárias terem caído neste mês.
Na últimas 24 horas, a Índia relatou 53.256 infecções, a menor cifra desde 24 de março. As infecções atingiram um pico de cerca de 400 mil por dia em maio, e as mortes dispararam para cerca de 170 mil em abril-maio.
Como a maioria das cidades começa a suspender as restrições de lockdown, especialistas alertam que uma reabertura rápida poderia complicar o programa de vacinação – que precisa ser ao menos quatro vezes mais veloz.
As vacinações diárias atingiram um pico de 4,5 milhões no dia 5 de abril, mas desde então diminuem acentuadamente. Nos últimos 30 dias, a Índia aplicou uma média de 2,7 milhões de doses por dia.
Em Maharashtra, Estado do oeste que foi o mais atingido pela segunda onda, autoridades disseram que pessoas de 30 a 45 anos serão uma prioridade agora que os suprimentos escasseiam.
“Temos um estoque suficiente, que esperamos durar pelos próximos três a quatro dias, mas não vislumbramos suprimentos de estoque depois disso”, disse Santosh Revankar, autoridade de saúde de alto escalão do organismo civil de Mumbai, à Reuters.
O Estado permitiu que alguns negócios voltem a funcionar e suspendeu parcialmente as restrições ao transporte público, mas mantendo toques de recolher nos finais de semana em algumas cidades.
(Por Neha Arora em Nova Délhi, Shilpa Jamkhandikar em Mumbai, Uday Sampath e Bhargav Acharya em Bengaluru)