28/06/2021 - 15:11
A ex-mulher do general Eduardo Pazuello procurou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 oferecendo-se para testemunhar. Apesar de o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), negar o depoimento devido ao forte caráter pessoal da denúncia, voltou à tona a figura da ex-cônjuge que pode derrubar mandatos e acabar com reputações sólidas. Relembre os principais casos.
Jair Bolsonaro x Ana Cristina Vale
Às vésperas da eleição de 2018, quando se tornou presidente, Jair Bolsonaro foi surpreendido com o vazamento de um telegrama em que sua ex-mulher, Ana Cristina Vale, dizia ao Itamaraty que fora ameaçada de morte pelo ex-capitão do Exército. O fato teria ocorrido durante a disputa de guarda do filho Renan. Vale acabou apoiando a campanha vitoriosa do ex-marido e negando as ameaças.
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Collor x Rosane
A ex-mulher do ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Melo (Pros-AL), Rosane Malta, foi alvo de denúncias de corrupção na Legião Brasileira de Assistência (LBA), em 1991, e não foi socorrida pelo então marido. Pelo contrário: Collor passou a não cumprimentá-la em público, e ela deixou de usar aliança e chegou a chorar publicamente em uma missa na Catedral de Brasília. A prova definitiva para o impeachment de Collor foi a compra de um Fiat Elba para Rosane com dinheiro vindo das contas fantasmas de PC Farias, o tesoureiro de campanha.
Henrique Eduardo Alves x Mônica Infante de Azambuja
Em 2002, o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) foi acusado pela ex-mulher Mônica, durante o processo de separação litigiosa, de ter US$ 15 milhões em paraísos fiscais. A denúncia fez o parlamentar perder o posto de vice de José Serra na campanha presidencial daquele ano. Alves, que fora eleito pela primeira vez em 1970, atingiu o recorde de 11 mandatos seguidos como deputado federal. Seria ainda presidente da Câmara dos Deputados e ministro do Turismo de Dilma Rousseff antes de ser preso em 2017.
Celso Pitta x Nicéia Camargo
Eleito prefeito de São Paulo com apoio de Paulo Maluf, Pitta chegou a tornar-se foragido da Justiça e preso em casa por um mês, em 2008, após atrasar R$ 150 mil de pensão à ex-mulher. Nicéia também acusou o ex de comprar vereadores que investigaram sua gestão em uma CPI, em 1999. Pitta viu sua carreira política desmoronar e deixou a prefeitura paulista como réu em 13 processos na Justiça.
Arthur Lira x Jullyene Lins
Em 2019, já com planos de chegar à presidência da Câmara, cargo que ocupa atualmente, Lira foi acusado pela ex-mulher de ocultar patrimônio de R$ 40 milhões construído através de propina. Lins também cobrava R$ 600 mil em pensão. O político havia declarado à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 1,7 milhão. “Ele fez muitos rolos. Começou na Assembleia Legislativa. Nessa época, o dinheiro chegava em malotes. De onde vem a certeza? Eu contava, conferia, distribuía para vereadores quando era campanha. Ele mandava: ‘faça tantos envelopes de tal valor’. Chegava malote com R$ 30 mil, R$ 500 mil e até R$ 1 milhão. Notas de 50 e e de 100”, disse Lins à revista Veja na época.
Valdemar Costa Neto x Maria Christina Mendes Caldeira
Em 2005, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara ouviu a ex-mulher do então presidente do Partido Liberal (PL). Caldeira denunciou Costa Neto e o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), Delúbio Soares, e o esquema de corrupção que viria a ser conhecido por “mensalão”. Ela acusou Costa Neto de ser o articulador do esquema de compra de parlamentares com a ajuda do deputado Caros Rodrigues (PL-RJ).
Rodrigo Bethlem x Vanessa Felippe
O então deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ), braço direito do então prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, foi denunciado pela ex-mulher em 2014 de manter contas não declaradas na Suíça. Em gravação telefônica enviada à imprensa por Felippe, o Bethlem confessava ter recebido dinheiro de ONG suspeita de desvios de verbas públicas. Ele desistiu de sua candidatura à reeleição.
Geraldo Bulhões x Denilma
Em 1993, Denilma descobriu que seu marido, então governador de Alagoas, tinha uma amante. O político foi expulso do Palácio dos Martírios, segundo consta a lenda, com uma surra de toalha molhada. Denilma lançou-se deputada federal com uma campanha que denunciava o ex-marido. Geraldo Bulhões foi preso 2013 por uma dívida de R$ 8 mil em pensão alimentícia à ex.
Manoel Moreira x Marinalva Soares
Marinalva fez história na CPI do Orçamento, em 1993, ao tornar-se uma das principais testemunhas, apresentando provas documentais contra o então deputado federal Manoel Moreira (PMDB-SP). O parlamentar foi acusado pela ex-mulher de desviar recursos públicos da Comissão Mista de Orçamento, no caso conhecido como “anões do Orçamento”. Moreira renunciou ao cargo em 23 de março de 1994.