30/06/2021 - 9:46
Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) – A taxa de desemprego e o número de desempregados no Brasil permaneceram em taxas recordes nos três meses até abril, aumentando a pressão sobre o mercado de trabalho.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira que a taxa ficou em 14,7% no trimestre até abril, repetindo o recorde visto nos três meses até março, e ante 12,6% no mesmo período de 2020.
+ Setor privado dos EUA criou 692 mil empregos em junho, diz ADP
+ Desemprego seria de 19,4% no 1º tri com retomada da força de trabalho, diz Ipea
“O primeiro trimestre normalmente tem queda de ocupação mais procura por trabalho. Ao entrar em abril, ainda tem influência do período e reflexo de medidas de isolamento e restrição para conter a segunda onda (do coronavírus)”, explicou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy. “O isolamento afeta tanto a geração (de vagas) quanto a procura.”
O resultado da taxa apurada pela Pnad Contínua ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters.
O mercado de trabalho costuma ser o último a se recuperar de crises, e ainda enfrenta medidas de restrição pelo país diante da pandemia de Covid-19, apesar de sinais de melhora na economia.
No trimestre até abril, o Brasil registrava 14,761 milhões de pessoas em busca de emprego, uma alta de 3,4% sobre o trimestre imediatamente anterior, de novembro a janeiro, o que significa 489 mil de desempregados, novo recorde da série iniciada em 2012. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve avanço de 15,2%.
Por sua vez o total de pessoas ocupadas era de 85,940 milhões, uma queda de 0,1% sobre o trimestre até janeiro e recuo de 3,7% ante fevereiro a abril de 2020.
“O cenário foi de estabilidade da população ocupada e crescimento da população desocupada, com mais pressão sobre o mercado de trabalho”, resumiu Beringuy. “A questão é se a geração será suficiente para atender a essa demanda.”
Ela destacou que o mercado de trabalho brasileiro vem apresentando redução de perdas a cada trimestre desde o auge da pandemia, mas destacou que “no cômputo geral, contudo, temos menos 3,3 milhões de pessoas trabalhando desde o início da pandemia”.
No setor privado, o total de empregados com carteira assinada teve recuo de 0,6% sobre o trimestre imediatamente anterior, enquanto o contingente dos que não tinham carteira também caiu 0,6%.
No trimestre encerrado em abril, o nível de ocupação ficou em 48,5%, permanecendo abaixo de 50% desde o trimestre encerrado em maio do ano passado, o que indica que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país, disse o IBGE.
Entre as categorias profissionais, somente os trabalhadores por conta própria cresceram, 2,3%, totalizando 24,0 milhões.
“Essa forma de inserção no mercado tem um contingente mais elevado agora do que em abril de 2020. Observamos uma reação maior no trabalho por conta própria do que no emprego com carteira no setor privado”, completou Beringuy.
Também se destacou na pesquisa a alta no total de pessoas subutilizadas, que são aquelas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial. Esse contingente atingiu 33,3 milhões no período, o maior da série comparável, um aumento de 2,7% com mais 872 mil pessoas. A taxa de 29,7% também foi recorde.
O total de desalentados, aqueles que desistiram de procurar trabalho devido às condições estruturais do mercado, somaram 6,0 milhões de pessoas, permanecendo no maior nível da série.