Por Eric M. Johnson

SEATTLE (Reuters) – Jeff Bezos pode ter sido vencido por Richard Branson na corrida ao espaço, mas o bilionário ex-presidente da Amazon.com prepara-se para fazer história na próxima semana a bordo do que seria o primeiro voo suborbital do mundo sem piloto e com uma tripulação composta apenas de civis.

O empresário norte-americano deve fazer parte da tripulação de quatro pessoas que fará um voo de 11 minutos na beira do espaço na terça-feira (20) dentro da aeronave New Shepard, da Blue Origin, marca do nascente e potencialmente lucrativo setor do turismo espacial.

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Ele deve ser acompanhado pelo irmão e executivo de investimentos Mark Bezos, a aviadora octagenária Wally Funk e uma pessoa ainda não identificada que pagou 28 milhões de dólares por um lugar a bordo da aeronave, com lançamento programado para um local no oeste do Texas.

A New Shepard é uma cápsula e foguete completamente autônoma com 18,3 metros de altura que não pode ser pilotada do lado de dentro. A tripulação incluirá apenas civis e nenhum funcionário ou astronauta da Blue Origin, disseram três pessoas com conhecimento dos planos da empresa à Reuters.

Nunca houve um voo suborbital ou orbital completamente autônomo com uma tripulação formada apenas por civis, afirmou o analista da indústria espacial Marco Cáceres, do Teal Group.

Branson, empresário britânico bilionário, esteve a bordo do foguete da Virgin Galactic em seu pioneiro voo suborbital, no Novo México no domingo. O voo da Virgin Galactic incluiu dois pilotos, assim como o instrutor-chefe de astronautas da empresa e seu principal engenheiro.

A New Shepard, como o voo da Virgin Galactic, não entrará na órbita em torno da Terra, mas levará os passageiros a 100 quilômetros de altura antes de a cápsula retornar de paraquedas. O voo da Virgin Galactic chegou a 86 quilômetros acima da Terra.

A SpaceX, empresa de transporta espacial do empresário bilionário Elon Musk, planeja uma missão ainda mais ambiciosa para setembro, enviando uma tripulação apenas com civis para um voo orbital de vários dias a bordo da cápsula Crew Dragon.

“MATEMÁTICA SIMPLES”

O voo da Blue Origin é um projeto de duas décadas. Bezos fundou a empresa em 2000. Uma nave sem piloto foi uma estratégia financeira adotada pelos executivos da Blue Origin anos atrás.

“É uma matemática simples”, afirmou uma das pessoas com conhecimento dos planos da empresa. “Se você projetar um sistema em que não precisa de piloto e co-piloto, pode ter mais clientes pagantes”.

A decisão de deixar de lado astronautas e especialistas técnicos da Blue Origin causou frustração a alguns insiders da empresa que viam o primeiro voo tripulado como uma oportunidade crucial para reunir dados e informações técnicas para um programa ainda em sua infância, e para avaliar a experiência para futuros clientes pagantes, afirmaram as fontes.

Os membros da tripulação receberão dois dias de treinamento. A Blue Origin designou dois funcionários, em terra, para ajudar os passageiros a colocar os cintos e oferecer instruções ponto a ponto pelos fones de ouvido durante a missão.

Algumas fontes da indústria estão preocupadas que os passageiros –sobrecarregados pela experiência ou em estado de euforia– podem ser abalados por barulhos rotineiros, perder instruções chaves, desamarrar ou se machucar flutuando ao redor da cabine, cenários potencialmente perigosos aos quais um astronauta treinado saberia reagir.

Funk, de 82 anos, foi uma das 13 mulheres que passaram pelos mesmos testes rigorosos que os astronautas masculinos da Mercury Seven no programa espacial da Nasa nos anos 1960, mas não puderam virar astronautas por causa do seu gênero.

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