15/07/2021 - 20:16
BRASÍLIA (Reuters) -O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, em uma entrevista à RedeTV concedida por vídeo do hospital onde está internado em São Paulo, que não terá que fazer cirurgia para resolver o problema de obstrução intestinal que o levou a ser hospitalizado, e que pode receber alta já na sexta-feira.
O médico Antonio Macedo, cirurgião de Bolsonaro, confirmou durante a entrevista concedida ao vivo do quarto do hospital que o presidente não precisará passar por cirurgia, mas boletim médico divulgado posteriormente informou que não há previsão de alta hospitalar até o momento.
“Cheguei aqui ontem com indicativo muito forte de cirurgia, mas a chance de cirurgia agora está bastante afastada”, disse o presidente, acrescentando que está se sentindo bem.
De acordo com Macedo, a área do intestino em que há a obstrução está mais permeável e o órgão voltou a funcionar, o que afastou a necessidade de cirurgia.
Boletim médico divulgado na noite desta quinta-feira informou que o presidente mantém “evolução clínica satisfatória”, o que permitiu a retirada da sonda nasogástrica.
“Planeja-se o início da alimentação para amanhã. O presidente segue sem previsão de alta hospitalar”, acrescentou o boletim.
Bolsonaro, de 66 anos, foi internado na madrugada de quarta-feira no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, com fortes dores abdominais, quando foi constatada a obstrução. Na tarde do mesmo dia foi transferido para São Paulo, a pedido de Macedo, onde está sendo tratado.
O presidente concedeu a entrevista após ter cancelado a tradicional transmissão semanal ao vivo pelas redes sociais desta quinta, e também após adiar viagem que faria a Manaus, onde participaria de um passeio de moto com apoiadores no sábado.
Segundo boletim médico divulgado mais cedo pelo Hospital Vila Nova Star, Bolsonaro está “evoluindo de forma satisfatória clínico e laboratorialmente”, e seria mantido “o planejamento terapêutico previamente estabelecido”.
Na véspera, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) disse em nota que os médicos avaliariam a possibilidade de Bolsonaro passar por uma cirurgia e, mais tarde, em nota, o hospital disse que a equipe que acompanha o presidente optou inicialmente por um “tratamento clínico conservador”.
FACADA E CIRURGIAS
Desde que tomou uma facada durante a campanha eleitoral para Presidência, em setembro de 2018, o presidente fez quatro cirurgias como consequência do atentado, incluindo uma realizada logo após o ataque e uma emergencial uma semana depois para corrigir aderências das paredes do intestino.
Em 2019, foram mais duas. Em janeiro, para retirada da bolsa de colostomia, e outra em setembro, para correção de uma hérnia na incisão da cirurgia. Recentemente, o próprio presidente afirmou que teria que fazer mais uma, para correção de uma nova hérnia, mas não chegou a marcar uma data.
Bolsonaro passou por mais duas cirurgias sem relação com a facada. Uma delas, para retirar pedras nos rins. A outra, uma vasectomia.
Na noite de quarta-feira, o presidente divulgou uma foto em suas redes sociais em que aparece na cama do hospital das Forças Armadas, ainda em Brasília, acompanhada de um longo texto com acusações a seus críticos, lembrando a facada em 2018 e acusando partidos de esquerda pelo atentado. Adélio Bispo, o autor da facada, foi filiado ao PSOL até 2014.
As investigações da Polícia Federal, no entanto, não encontraram motivação política no crime e nem qualquer indício de que Bispo tivesse se organizado com outras pessoas.
(Reportagem de Lisandra ParaguassuEdição de Pedro Fonseca)