BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira que espera para os próximos dias a sabatina de André Mendonça, seu indicado para a vaga aberta com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello no Supremo Tribunal Federal, apesar das indicações do Senado de que a análise do nome de Mendonça não será pautada tão cedo.

Em entrevista a uma rádio do Vale da Ribeira (SP), Bolsonaro afirmou ainda saber que o indicação passa muito mais por um crivo político do que jurídico no Senado, mas voltou a defender o “saber jurídico” de Mendonça.

Na semana passada, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), enviou para a Comissão de Constituição e Justiça da Casa o nome de Mendonça, que ficou várias semanas parado na Mesa do Senado. A intenção foi fazer um gesto para uma pacificação entre os Poderes, sem resultado.

A apresentação por Bolsonaro do pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF, na última sexta-feira, e a promessa de que outro, contra Luís Roberto Barroso, será apresentado na quarta-feira, acirrou novamente os ânimos no Senado. A interlocutores, o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (DEM-AP), teria dito que não pretende marcar a sabatina de Mendonça.

Na entrevista, Bolsonaro voltou a criticar o STF os ministros Moraes e Barroso, sem citar nomes dessa vez, e a levantar suspeitas sobre o sistema eleitoral brasileiro. Repetiu que irá às manifestações do 7 de setembro em Brasília e em São Paulo e afirmou que a liberdade de expressão no Brasil está sendo atacada, ao defender bolsonaristas presos ou processados pela veiculação de notícias falsas e ataques a instituições.

“Foi preso há pouco tempo um deputado federal e continua preso até hoje, em prisão domiciliar. A mesma coisa um jornalista, ele é jornalista, é blogueiro, também continua em prisão domiciliar até hoje. Temos agora um presidente de partido. A gente não pode aceitar passivamente isso, dizendo: ‘ah, não é comigo’. Vai bater na tua porta”, afirmou.

O presidente se referia aos casos do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), preso por fazer ameaças ao STF e a ministros, ao blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, investigado nos inquéritos dos atos anti-democráticos e das Fake News, e do presidente do PTB, Roberto Jefferson, preso recentemente por ataques às instituições.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu; Edição de Eduardo Simões)

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