30/08/2021 - 21:40
Uma canadense de 28 anos ficou um ano sem apetite após sofrer um derrame cerebral. O caso incomum foi analisado pela equipe do neurologista Dang Khoa Nguyen, da Universidade de Montreal, no Canadá. Os resultados constam de um estudo publicado dia 16 de agosto na revista científica Neurocase.
Como mostra a emissora argentina Rosario3, a paciente foi internada numa clínica no ano passado com paralisia do lado direito do corpo e distúrbios da fala. Usando ressonância magnética, os especialistas a diagnosticaram com acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico do lobo insular esquerdo – parte do córtex localizada no fundo do sulco lateral do cérebro.
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A jovem recebeu alta hospitalar 11 dias após a internação, mas uma estranha sequela chamou sua atenção seis meses após sofrer o AVC isquêmico. Segundo a emissora, ela não tinha sensação de fome e estava pulando as refeições, acreditando que a falta de apetite era resultado da doença e do cansaço.
Sete meses após a hospitalização, a jovem decidiu consultar os médicos sobre sua condição. Especialistas da Universidade de Montreal a examinaram e descobriram que seu corpo não apresentava nenhum sinal fisiológico de fome (por exemplo, os famosos ruídos dentro da barriga).
Embora ela não tivesse problemas com percepção de sabor, cheiro e textura dos alimentos, a perda de apetite fez com que seus alimentos favoritos parassem de lhe dar prazer. Passados 16 meses do derrame, a paciente retornou aos especialistas, informa a Rosario3, e informou que, um mês antes, a sensação de fome havia retornado.
Em todo esse tempo, a canadense de 28 anos perdeu 13 kg (seu peso passou de 73 para 60 kg), mas não apresentou outros sintomas. “A perda da fome não foi atribuída a medicamentos, uso de substâncias ou distúrbio clínico e durou 15 meses”, diz trecho do estudo, citado pela emissora argentina.
Os pesquisadores vincularam a estranha condição ao AVC isquêmico e observaram que é o primeiro caso do tipo a ser descrito na literatura médica. De acordo com eles, citados pela Rosario3, o lobo insular geralmente avalia o estado fisiológico do corpo, desempenhando um papel importante no processamento de sinais vindos do paladar e participando do controle do apetite e do equilíbrio energético.
Como a função dessa região do cérebro estava prejudicada na paciente, os cientistas acreditam que ela teve um desequilíbrio no sistema nervoso autônomo.