31/08/2021 - 21:58
Instituições italianas acabam de lançar um novo projeto para repovoar o município de Maida, que fica na região da Calábria, no sul da Itália (ponta da “bota”). A iniciativa é direcionada a descendentes de italianos em todo o mundo e inclui benefícios como ajuda na conquista de emprego e alojamento e revalidação de diploma universitário.
A Associazione Unione Italo Discendenti nel Mondo (Associação União dos Ítalo-descendentes no Mundo), em colaboração com a Casa Calabria, a Universidade da Calábria e o município calabrês de Maida, são responsáveis pelo projeto que visa promover o regresso de descendentes de italianos, considerados um grande potencial de repovoamento, segundo informação da agência italiana de notícias ANSA.
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A cidade de Maida, na província de Catanzaro (Calábria), possui cerca de 4.600 habitantes e fica numa colina. Ela é famosa pela batalha ocorrida em julho de 1806, quando 5.236 britânicos comandados pelo general John Stuart derrotaram os 6.129 homens do general Jean Reynier, do exército de Napoleão Bonaparte.
“A Itália precisa de seus descendentes italianos, e de italianos no mundo. Porque é um país envelhecido e depois da pandemia tudo mudou completamente. Mas é preciso criar as condições para o retorno: temos 21 milhões de descendentes de italianos na Argentina, 42 milhões no Brasil, podemos praticamente rejuvenescer a Itália quando quisermos”, diz Andrea Pacia, presidente associação dos ítalo-descendentes, em entrevista à ANSA.
A ideia do projeto, segundo ele, é repovoar cidades e pequenos municípios com descendentes de italianos que sejam de áreas em “crise” da América Central e do Sul, ou mais com “desenvolvimento inferior” ao italiano.
“A Itália é o único país do mundo onde não há limites para o reconhecimento da cidadania. Mas esse reconhecimento aumentou consideravelmente ao longo do tempo com o único propósito de se deslocar para países europeus de língua espanhola ou portuguesa, e até mesmo na América do Norte”, comenta Pacia à agência de notícias.
A ANSA revela que, entre 1998 e 2006, 600.000 certificados de cidadania italiana foram concedidos por descendência, sendo 40% na Argentina, 20% no Brasil e, na Europa, 54% na França e 25% na Suíça.
Os candidatos à cidadania na Argentina e no Brasil, como afirma Andrea Pacia, são de classe média e média alta, com alto nível de escolaridade. Muitos ítalo-argentinos acabam indo para a Espanha, que se comprova pelo aumento de 550% da comunidade italiana nesse país europeu, especialmente nas cidades de Madri e Barcelona.
Como mostra a agência italiana de notícias, o objetivo do projeto é criar condições para que os descendentes de italianos retornem e permaneçam na Itália. Por isso a ideia é associar o convite à possibilidade de emprego.
“Os empresários se colocaram à disposição; além disso, agora é possível que quem solicita o reconhecimento da cidadania consiga a autorização de trabalho enquanto aguarda. Porque o reconhecimento é um direito de nascimento: até que a lei mude, os filhos de cidadãos italianos são italianos”, completa Pacia à ANSA.
O projeto deve começar em setembro de 2021, e serão selecionados cerca de 15 candidatos que terão que garantir uma estadia de seis meses no município de Maida e poderão fazer cursos de italiano. Além disso, a Universidade da Calábria será responsável pela revalidação dos diplomas.