Em novo boletim sobre a situação de bloqueios nas estradas, o Ministério da Infraestrutura informou que, às 17h30, foram registrados pontos de concentrações de caminhoneiros em oito Estados, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF). As manifestações começaram ontem na esteira dos atos do 7 de Setembro, convocados pelo presidente Jair Bolsonaro.

O número de Estados com registro de manifestações cresceu em relação ao primeiro comunicado divulgado pela pasta, que citava ocorrências em quatro Estados. Em nenhum ponto, de acordo com o ministério, é registrado bloqueio total da pista.

A pasta manteve a previsão de que as mobilizações possam ser encerradas até a 0h desta quinta-feira, 9. “A PRF encontra-se em todos os locais identificados e trabalha pela garantia do livre fluxo com a tendência de fim das mobilizações até a 0h do dia 09/09”, disse o ministério, que afirmou ainda ser “importante alertar que a disseminação de vídeos e fotos por meio de redes sociais não necessariamente reflete o estado atual da malha rodoviária”.

Segundo a pasta, no momento, são identificados pontos de concentração em rodovias federais com abordagem a veículos de cargas na Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná, Maranhão e Rio Grande do Sul.

“Ao todo, já foram debeladas 67 ocorrências com concentração de populares e tentativas de bloqueio total ou parcial de rodovias durante as últimas horas”, afirmou o ministério.

Abastecimento

As paralisações promovidas por caminhoneiros que bloqueiam rodovias pelo País poderão causar “sérios transtornos à atividade de transporte”, com “graves consequências para o abastecimento de estabelecimentos de produção e comércio”. O temor foi manifestado pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), que divulgou nota de repúdio a essas manifestações organizadas na esteira dos atos do 7 de Setembro, incentivados pelo presidente Jair Bolsonaro.

A entidade, que diz congregar cerca de 4.000 empresas de transporte associadas direta e indiretamente e mais de 50 entidades patronais, afirmou que a movimentação é de natureza política e está dissociada das bandeiras e reivindicações da categoria de caminhoneiros autônomos.

“NTC&Logística vem manifestar total repúdio às paralisações organizadas por caminhoneiros autônomos com bloqueio do tráfego em diversas rodovias do País, por influência de supostos líderes da categoria. Trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”, afirmou a associação em nota.

A entidade reforçou que tais bloqueios e suas eventuais consequências para o abastecimento poderão atingir diretamente o consumidor final e o comércio de produtos de todas as naturezas, incluindo alimentos, medicamentos e combustíveis.

Na nota, a NTC&Logística diz esperar que as autoridades dos governos federal e estaduais adotem as providências “indispensáveis” para assegurar às empresas de transporte rodoviário de cargas o “pleno exercício do seu direito de ir e vir e de livre circulação nas rodovias em todo o território nacional”. “As empresas de transporte rodoviário de cargas, desde que garantido o livre trânsito dos seus veículos, terão condições de assegurar a continuidade do normal abastecimento em toda a cadeia de produção e consumo para a tranquilidade de todos”, afirma a entidade.

“A NTC deixa claro que não apoia esse movimento, repudiando-o, orientando as empresas de transporte a seguirem em sua atividade e orientando os seus motoristas para em caso de bloqueio ao trânsito dos seus veículos acionarem imediatamente a autoridade policial solicitando sua liberação”, conclui.

Há pouco, o Ministério de Infraestrutura informou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) está atuando para desmobilizar bloqueios de estradas realizados por caminhoneiros. A previsão, segundo nota da pasta, é garantir o livre fluxo nas rodovias, com a tendência de fim das mobilizações, até a meia-noite desta quinta-feira, 9. Os bloqueios começaram ontem.

Segundo informações da PRF, até 14h30, foram registrados pontos bloqueados em quatro Estados, com a maior parte concentrada no Estado de Santa Catarina. Os demais Estados não foram informados, mas, de acordo com a pasta, a Polícia atua em todas as localidades identificadas para garantir o livre fluxo.

A pasta vinha monitorando a possibilidade de paralisações convocadas por caminhoneiros que apoiam o presidente Bolsonaro. Essa mobilização de integrantes da categoria, no entanto, conflita com o trabalho do ministério para evitar protestos nas estradas federais. Desde a greve dos caminheiros de 2018, o governo federal vive com o fantasma da paralisação, que impactou a economia do País e forçou o Executivo a adotar medidas que até hoje geram debate, como a tabela do frete rodoviário, demanda da categoria.

Também em nota divulgada nesta quarta, o Ministério informou ainda que os atos não são organizados por qualquer entidade setorial do transporte rodoviário de cargas e que a composição das mobilizações é heterogênea, “não se limitando a demandas ligadas à categoria”.

Portos

As operações no porto de Paranaguá (PR), bem como a entrada e saída de caminhões, estão sendo realizadas normalmente na tarde desta quarta-feira, segundo a estatal Portos do Paraná. A informação passada ao Broadcast Agro contraria boatos de que as atividades estariam paradas em virtude de manifestações nos locais. No porto de Rio Grande (RS), as atividades e o acesso de caminhões também ocorre normalmente, conforme informou à reportagem a Portos RS, empresa que administra os portos do Estado.

Os rumores de interrupção nas atividades portuárias surgem enquanto ocorrem protestos de caminhoneiros pelo País. Um movimento intitulado “caminhoneiros patriotas” realiza atos nesta quarta-feira, após as manifestações em prol do governo Bolsonaro promovidas ontem. Há relatos de atos nas margens de rodovias do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Espírito Santo e de presença de transportadores na Esplanada dos Ministérios.