Neste sábado vamos completar 20 anos dos ataques de 11 de setembro, que acabaram se convertendo em uma das maiores tragédias do nosso milênio. O atentado não só causou a morte de quase três mil pessoas nos Estados Unidos, como trouxe enormes consequências para o estilo de vida ocidental.

A data 11 de setembro de 2001 marcou um novo tipo de ameaça: as ações terroristas planejadas e coordenadas, que trouxeram o horror e a incerteza a uma gama de personagens, instituições, processos, culturas e comportamentos jamais alcançada por qualquer outra ação com características semelhantes.

O objetivo da ação terrorista, organizada pela Al-Qaeda, era mostrar ao mundo que os Estados Unidos não eram assim tão fortes como se consideravam. De fato, com a destruição de símbolos do capitalismo e do poderio militar daquela nação, como as Torres Gêmeas, no complexo empresarial World Trade Center, e o Pentágono, respectivamente, o episódio trouxe à tona vulnerabilidades de segurança no sistema de defesa norte-americano. Isso sem contar o quarto avião, que acabou caindo em um campo em Shanksville após alguns passageiros e tripulantes tentarem tomar o controle da aeronave, e que tinha como destino Washington D.C., onde, certamente, a tragédia poderia ser ainda maior.

O que mudou de lá para cá? Houve uma efetiva melhoria nas barreiras de proteção que separam terroristas de seus alvos? Atualmente, seria tão fácil implementar um ataque terrorista nos mesmos moldes? Como a tecnologia contribui para a segurança dos aeroportos?

O 11 de setembro deu início a uma onda gigante de profissionalização e suporte para a segurança dentro das organizações muito intensa e constante.

Facility counterterrorism, crisis and emergency management, critical infrastructure, resilience building, contingency planning, video surveillance, guarding force e background screening foram amplamente estudados e reformulados para atender as necessidades de proteção, segurança e tranquilidade das pessoas que usufruem, moram, visitam ou trabalham em locais que, pelas suas características, se tornam alvos “relevantes” para extremistas que buscam visibilidade.

Depois dos atentados, todas as atenções se voltaram para o planejamento bem-sucedido dos terroristas que transformaram os aviões em bombas incendiárias e conseguiram atingir alvos que, por mais que tivessem uma estrutura robusta em relação a segurança, não estavam preparados para ataques desta natureza.

O cenário desencadeado a partir do plano desenhado pelos terroristas colocou em evidência que quanto maior e mais importante o alvo, mais “positivo” seria o resultado para aqueles que planejaram o ataque.

Diante dessa afirmação, países que possuem democracias consolidadas e imprensa livre constantemente se tornam alvos de ações terroristas.  Justamente pela repercussão conseguida na mídia. Empreendimentos-alvo tais como hotéis, ginásios de esportes, estádios de futebol, aeroportos, estações de metrô têm cada dia mais buscado investir em tecnologia, treinamento e capacitação de seus agentes de segurança.

Aeroportos, então, nem se fala: são considerados locais de alta atratividade e muitas mudanças foram promovidas pelos governos e empresas mundo afora em busca de segurança.

As críticas sofridas pela CIA por conta dos ataques, e amplamente divulgadas em várias reportagens de agências importantes da imprensa, levaram os serviços de inteligência a buscarem maior integração, manutenção e atualização de suas bases de dados a fim de identificar com máxima antecedência qualquer potencial ameaça.

A troca constante de informações e monitoramento de pessoas ligadas a grupos extremistas se tornou uma ferramenta essencial, uma vez que após os ataques de 11 de setembro, a teoria do ciclo do ataque (Detection Points in the Terrorist Attack Cycle) comprovou que um forte planejamento e o estudo dos alvos antecedeu por anos a tragédia. Isso demonstrou que para um planejamento tão complexo, rastros foram deixados e informações são geradas, sendo estas o foco de todo um trabalho de monitoramento realizado pelas agências de inteligência hoje.

Muitos princípios básicos fundamentais na área de segurança física das instalações foram aplicados na segurança de aeronaves e, apesar de muitas medidas de proteção contra IEDs (Dispositivos Explosivos Improvisados) serem o foco, a cabine de piloto e copiloto receberam reforço na porta. A intenção, por mais que seja óbvia, visa reduzir o risco de acessos não autorizados e, consequentemente, a tomada do controle total do voo.

Obviamente, a triagem e o escaneamento de bagagem ganharam atenção e reforço. Em 2001 a TSA (Transport and Security Administration) foi introduzida como parte da nova lei de segurança, atualmente um departamento criado em 2002 nos Estados Unidos e que cuida da aviação no país.

Da proibição de pequenas lâminas a frascos com líquido no acesso às aeronaves, de simples detectores de metais a scanners corporais completos nos aeroportos, da inspeção em eletrônicos maiores a um simples celular, assim como reconhecimento facial, entre outros recursos, tudo ajuda diariamente nos processos de segurança em aeroportos.

A transformação tecnológica dos últimos 20 anos foi vertiginosa, e muito se deve a 11 de setembro de 2001. Vigilância de Inteligência Artificial, Cidades Inteligentes, Sistema de Reconhecimento Facial e Policiamento Inteligente são alguns dos avanços tecnológicos decorrentes dos atentados e, consequentemente, do combate ao terrorismo. Além desses avanços tecnológicos, as autoridades passaram a usar drones e biometria, entre outras soluções, para combater o terrorismo.

Vale lembrar que, apesar de decorridos 20 anos dos ataques de 11 de setembro e do governo americano já ter destinado quase US$ 6 trilhões para financiar as operações, o Terrorismo está longe de terminar e as ações de prevenção ao terror, pautadas por processos e tecnologia, devem continuar evoluindo ao mesmo passo que os sistemas de inteligência devem ser aperfeiçoados, tornando-se cada vez mais proativos.

 

*  Emerson Januzzi é consultor master de segurança empresarial na ICTS Security, consultoria e gerenciamento de operações em segurança, de origem israelense.