10/09/2021 - 9:25
Por Sakura Murakami e Tetsushi Kajimoto
TÓQUIO (Reuters) – Taro Kono, o popular ministro responsável pela vacinação contra a Covid-19 no Japão, anunciou nesta sexta-feira sua candidatura à liderança do partido governista e, por extensão, ao cargo de primeiro-ministro, sublinhando sua imagem de reformista sem papas na língua com uma veia conservadora.
Kono se torna o terceiro candidato a entrar na disputa do comando do Partido Liberal Democrata (PLD), iniciada na semana passada quando o premiê Yoshihide Suga anunciou que deixará o cargo.
Falando em uma coletiva de imprensa em Tóquio, Kono se retratou como um reformista que confronta a burocracia japonesa, ressaltando seus feitos ao derrubar barreiras durante a campanha de vacinação e defender o trabalho em casa.
Conhecido como crítico da energia nuclear, Kono pareceu mais cauteloso na coletiva de imprensa, recusando-se a ser rotulado de “antinuclear”.
Ele disse que as usinas nucleares desativadas desde o desastre de Fukushima de 2011, que são consideradas seguras, poderiam ser religadas para ajudarem o país a atingir a meta de neutralidade de carbono até 2050.
Mas ele acrescentou que construir novas usinas “não é realista”.
“O uso da energia nuclear acabará se tornando zero, mas se for para atingirmos a neutralidade de carbono até 2050 e trabalhar para evitar a mudança climática, precisamos deter o uso de carvão e petróleo primeiro, e eventualmente descartar o gás natural”, disse Kono.
“Também precisamos economizar energia e depois introduzir a energia renovável em nível máximo como prioridade. Se ainda há mais que precisa ser feito, acho que é realista religar as usinas nucleares que são consideradas seguras.”
Criticado às vezes por seu temperamento ríspido, Kono disse que será um líder solidário que “ri e chora junto” com o povo do Japão e que procurará criar um país “acolhedor” no qual todos que trabalham duro têm chance de vencer.
Na política externa, Kono prometeu fortalecer a postura de dissuasão japonesa contra “tentativas unilaterais de alterar o status quo”. Autoridades alertam a China por causa de sua assertividade nos Mares do Sul e do Leste da China.
O vencedor da eleição de 29 de setembro entre os membros da base do PLD e os parlamentares do partido está virtualmente eleito como premiê devido à maioria da legenda na câmara baixa do Parlamento.
Kono aparenta ter uma vantagem sobre Fumio Kishida, ex-ministro das Relações Exteriores, e Sanae Takaichi, ex-ministra do Interior, que também declararam que concorrerão.
(Reportagem adicional por Ju-min Park, Kiyoshi Takenaka e Antoni Slodkowski)