15/10/2021 - 14:00
Na década de 1970, Thomas J. Watson Jr., filho do fundador da IBM, afirmou que um “bom design é um bom negócio”. A máxima, adotada por Jader Almeida, faz todo sentido na trajetória do designer catarinense que nos últimos 17 anos montou um pequeno império do mobiliário de luxo. Com seu estilo minimalista que vem conquistando prêmios internacionais, ele tem hoje cinco plantas industriais, 700 colaboradores trabalhando diretamente com seus produtos e presença em 30 países, de Portugal à China. Agora, essa história ganha um novo capítulo com a inauguração de sua loja conceito, a segunda unidade aberta na capital paulista este ano. A primeira, no Shopping Cidade Jardim, com um espaço voltado para eventos. Ambas integram um plano de expansão que deve alcançar 25 unidades nos próximos cinco anos.
“Criamos as flagships para que elas sejam não apenas lojas, mas uma porta de entrada para o mundo aspiracional do design, do belo”, afirmou Jader Almeida. Ele se refere a peças que usam matérias-primas de alto valor, como mármore, e dependem de uma execução impecável em áreas tão variadas quanto metalurgia e tapeçaria — marcas de seu trabalho. Entre o final deste ano e o primeiro semestre de 2022 estão programadas outras inaugurações. As praças escolhidas são duas capitais, Belo Horizonte e Porto Alegre, e cidades do interior paulista que Almeida chama de “capitais regionais”, como Ribeirão Preto e Campinas, onde estão consumidores de alto poder aquisitivo. A partir de 2026, a ideia é partir para os Estados Unidos. O plano de expansão internacional também inclui flagships.
OBJETOS DE DESEJO A estratégia de crescimento foi acelerada pela pandemia. Quando a crise sanitária começou, em março do ano passado, a empresa sofreu um baque. Mas já em abril a demanda ganhou força a ponto de ser necessário regular a quantidade de produtos disponíveis para garantir a entrega. “Os meses de julho e agosto foram uma coisa absurda. Ao mesmo tempo, tivemos um apagão de matéria-prima”, disse Almeida, para quem a escassez de insumos deve continuar pelos próximos meses. Hoje, o tempo para fazer um pedido e receber o produto é de 80 a 100 dias, dependendo da complexidade. O saldo, no entanto, é positivo: alguns itens do portfólio registraram aumento de até 200% na demanda. Até o final do ano, Almeida projeta um crescimento total de cerca de 60% nas vendas em relação ao período anterior à pandemia.
A busca por móveis de luxo está relacionada à permanência em casa por períodos mais longos, um hábito criado no novo normal da Covid. “As pessoas não compram uma poltrona minha porque precisam sentar, mas porque desejam aquilo”, afirmou Almeida. Para ele, há uma questão aspiracional que move o interesse em ter uma peça assinada. E isso fez com que um público endinheirado, mas até pouco tempo sem familiaridade com o trabalho do designer, descobrisse o que Almeida chama de seu “mundo do sonho”, em uma analogia com a certeza de que o paladar não retrocede. “Quando se avança para algo melhor, dificilmente alguém volta ao patamar anterior”, afirmou.
Além de consolidar a operação no Brasil, Jader Almeida vê uma oportunidade de mostrar ao resto do mundo que o Brasil é capaz de se tornar referência em design. Essa estratégia passa pela participação em grandes premiações e feiras internacionais. Apenas em 2021 ele foi vencedor em três prêmios e finalista em mais um. “Quando levamos nossos produtos para fora, representamos um Brasil sofisticado, de bom gosto, que pode, sim, ser um grande exportador de design.”