Pela primeira vez, casos de hanseníase foram identificados em chimpanzés selvagens, de acordo com um novo estudo publicado na revista Nature.

Casos de hanseníase em chimpanzés foram encontrados na Guiné-Bissau e na Costa do Marfim, tornando esta a primeira vez que esses casos foram encontrados em uma espécie não humana na África, segundo os pesquisadores do estudo publicado na última quarta-feira, 13.

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A hanseníase é uma doença infecciosa que pode danificar seriamente os nervos, a pele e o trato respiratório dos seres humanos. Pode levar ao desenvolvimento de lesões e nódulos, bem como perda de sensibilidade nas extremidades e cegueira.

Os cientistas usaram armadilhas fotográficas para estudar o comportamento dos chimpanzés entre 2015 e 2019. Olhando para as imagens, os pesquisadores encontraram dois homens e duas mulheres com “lesões graves semelhantes à hanseníase”, de acordo com o estudo. Os sintomas – semelhantes aos experimentados pelos humanos – progrediram com o tempo.

Até o momento não se sabe exatamente como os chimpanzés foram infectados, mas acredita-se que tenha ocorrido como resultado da exposição a humanos ou “outras fontes ambientais desconhecidas”, de acordo com o estudo.

A hanseníase já foi vista em animais selvagens antes, como esquilos vermelhos no Reino Unido e tatus nas Américas. 

Kimberley Hockings, conferencista sênior em Ciências, afirmou à CNN americana que mais pesquisas serão conduzidas sobre como os chimpanzés selvagens entraram em contato com a doença e o que isso significa para uma espécie que já está em risco devido a fatores como caça e perda de habitat.

“O tratamento da hanseníase em humanos é relativamente simples, especialmente se for diagnosticado precocemente”, disse Hockings.

Hockings disse que incorporará a descoberta em sua pesquisa mais ampla, que enfoca as interações entre humanos e grandes macacos, já que os humanos são tradicionalmente considerados o principal hospedeiro da hanseníase, e agora ela está aparecendo repentinamente em chimpanzés selvagens.