29/10/2021 - 12:13
Uma sensação de medo tomou conta dos brasileiros nesta semana. O teto rachado, inflação alta, juros subindo e renda caindo. Essa é a síntese do que aconteceu só nos últimos dias. E com essas reviravoltas dignas de uma película de terror, vamos fechar o mês do halloween mostrando alguns dos filmes de terror que estão em cartaz na vida do brasileiro comum.
A Profecia – Quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou que seria preciso furar o teto de gastos para sustentar o novo programa de transferência de renda de Bolsonaro, os economistas se dividiram em dois. Os profetas que diziam já esperar essa atitude e aqueles que ainda não acreditam que isso será aprovado. Não importa quem está certo nesse caso. O importante é o que significa essa rachadura. No mercado internacional, menos segurança em investir no Brasil – já que passamos a mensagem de maus pagadores. No mercado doméstico, pessoas físicas e jurídicas receosas, e dinheiro guardado. E ainda que nenhum economista que se preze defenda que teto de gastos seja a maior maravilha do mundo, o remédio perfeito ou que não precise de reajustes, todos os consultados pela reportagem concordam que ele era a única ferramenta econômica capaz de manter a inflação sob controle sem comprometer o crescimento do País.
A hora do pesadelo – E se a oscilação do dólar tem tirado seu sono, uma dica. Dentro do país há um outro indicador, que sai de 15 em 15 dias, e que pode direcionar sua ansiedade para outro problema: a alta dos preços administrados no Brasil. O IPCA-15 divulgado na quarta-feira deu um susto no mercado ao apresentar alta de 1,2% na primeira quinzena de outubro, a maior taxa desde a criação do Plano Real. Com essa alta bruta em duas semanas, o mercado já precisou refazer as contas, e agora fala de uma inflação anual de 9,2% em 2021.
Pânico – Depois de escancarada a rachadura do teto de gastos, o mercado esperava o posicionamento do Copom, que anunciou na quarta-feira uma alta de 1,25% na taxa básica de juros, a Selic. Apesar de ser uma porrada, alguns economistas esperavam uma decisão ainda mais bruta, com um avanço na ordem e 1,5%, até 2%. Isso porque elevar a taxa de juros se tornou a única saída para conter a inflação. Na 241ª reunião, o Comitê decidiu, por unanimidade, elevar a taxa a 6,25%, mas mais do isso, cravou que as coisas não vão bem. Citou o cenário externo, reforçou os problemas internos e deixou claro que este filme ainda terá continuações
Corra – A última edição da PNAD, pesquisa do IBGE que contabiliza empregos trouxe dois dados interessantes. O Brasil tem mais emprego, mas o emprego paga menos. Isso significa que o número de pessoas ocupadas subiu 1,3% em agosto, na comparação anual, mas a renda média caiu 10,3%. Na prática isso significa que o trabalho no Brasil piorou, e muito. O número de informais, trabalhadores por conta e os praticantes de “bicos” se multiplicaram e formaram uma massa de trabalhadores que, além de ter a renda comprimida, ainda não possui qualquer tipo de garantia social, muitas vezes não pagam a previdência privada e são alvo da alta rotatividade do mercado de trabalho. Um cenário perturbador e que mostra a perpetuação de uma mão de obra desvalorizada e um indicador que não deve reagir nem em 2022.