08/11/2021 - 12:05
A compra em aplicativos chineses está se popularizando cada vez mais no mercado brasileiro. Esses apps, porém, ainda precisam superar algumas desconfianças do consumidor quando se trata de qualidade dos produtos ou prazo de entrega.
Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o crescimento das vendas online em 2020 em comparação com 2019 foi de 68% e as empresas de comércio chinesas também estão de olho nessa fatia do mercado. Mas o que eles estão fazendo para se tornar uma opção mais segura para os brasileiros?
+Black Friday: conheça as campeãs de reclamação do Procon-SP em 2020
Maior estrutura no país
Foi-se o tempo em que comprar algo na China era um tiro no escuro. Hoje as plataformas estão com uma estrutura mais robusta no Brasil, que garante, assim, a entrega do produto sem maiores dores de cabeça.
“Shopee, por exemplo, tem canais sociais e de atendimento no Brasil, uma página e um CNPJ nacionais. Há uma estratégia de entrada no mercado que desfaça a impressão anterior de que uma importação deste tipo era por conta e risco do cliente e este esforço parece estar sim surtindo resultados na visão que o cliente tem das empresas”, contou Breno Soutto, head de insights da Elifegroup, empresa que faz gestão de relacionamento com consumidores.
Ele também reforçou que a Shopee funciona como um marketplace e, por isso, trabalha com lojistas e comerciantes brasileiros.
O esforço da Shopee não é sem razão: a empresa vem sofrendo muitas reclamações nos canais de defesa do consumidor.
Menor tempo e garantia de entrega
Uma outra desconfiança era o prazo de entrega dos produtos. Muitas vezes o produtor demorava o dobro do tempo acordado para chegar no País – isso quando chegava. O especialista em varejo Wagner Moraes, sócio-fundador da A&S Partners, apontou que esse é um problema que vem sendo diminuído com o tempo por conta de investimentos dessas empresas no Brasil, como a construção de Centros de Distribuição próprios.
“Eles investiram bastante no processo logístico. A taxa de insucesso nessas compras já foi muito grande, cerca de 15% de não entregas quatro anos atrás, e isso vem caindo bastante hoje. A média do tempo de entrega já foi de 30 dias e hoje está em 11. Isso tudo mostra que o mercado brasileiro tem um potencial muito grande para eles”, apontou.
Estratégias agressivas de divulgação e preços baixos
O preço segue sendo um dos pontos decisivos para que esses aplicativos ganhem espaço no mercado nacional. Além disso, de acordo com pesquisas em termos buscados nas redes sociais e no Google entre o fim de setembro e começo de outubro, condições especiais como frete grátis e cupons de desconto são normalmente ligados a lojas como Shopee, Shein e AliExpress.
“A estratégia está focada em quebrar a barreira do medo do cliente e fazê-lo conhecer a empresa. Então, são recorrentes preços bastante atrativos, mas também a oferta de cupons de desconto, frete grátis e outras ações que façam com que a percepção de custo x benefício seja positiva para o comprador efetue a compra no canal”, apontou Souto.