22/12/2021 - 4:20
Copa do Mundo do Catar tem início programado para daqui 11 meses — mais precisamente em 21 de novembro de 2022 — e deve injetar ao menos US$ 20 bilhões no Produto Interno Bruto do país do Oriente Médio, o correspondente a 11% do apurado em 2019. Apesar de o Brasil estar a quase 12 mil quilômetros de distância, ou 12 horas de voo direto, as empresas de turismo e aviação que operam por aqui também esperam entrar em campo e lucrar em cima da paixão do brasileiro pelo futebol. “Estimamos vender até US$ 30 milhões”, afirmou à DINHEIRO Paulo Castello Branco, presidente do Grupo Águia, que comercializa ingressos de hospitalidade e pacotes turísticos para o mundial da Fifa.
Com expertise no negócio desde o Mundial na Inglaterra, em 1966, a companhia vive a expectativa de embarcar ao menos 10 mil pessoas para Doha (Catar) e o vizinho Dubai (Emirados Árabes), principais destinos. Até hoje, a empresa já levou mais de 100 mil turistas ao torneio, exceção às edições de 1974 (Alemanha) e 1978 (Argentina). “Será o mundial da libertação, provavelmente com a população do planeta vacinada [contra a Covid-19].”
O executivo demonstra entusiasmo com o interesse dos fãs pela Copa do Mundo. São esperados ao menos 1 milhão de turistas durante o evento. O acordo do Grupo Águia junto à Match International — parceira da Fifa — garante exclusividade no Brasil, no Peru e no Canadá na comercialização de pacotes turísticos e de ingressos de hospitalidade, que, dependendo da categoria, dão direito a lounge e camarotes.
O valor do ingresso de hospitalidade parte de US$ 950 por jogo na Match Club, categoria de entrada mais vendida no Brasil, e pode chegar a US$ 5 mil por partida na Pearl Lounge, camarotes de luxo. Já os pacotes de turismo variam, com hospedagem a partir de quatro noites tanto em Doha (US$ 7 mil) como em Dubai (US$ 5,5 mil), sem parte aérea. Os produtos são negociados nas agências Stella Barros e Top Service (as duas pertencentes ao Grupo Águia) e CVC — subagentes oficiais de vendas de hospitalidade. Outras agências também fazem a comercialização, sob gerenciamento de uma das três interlocutoras. As estratégias definidas pelo Grupo Águia têm surtido efeito no caixa. Desde o início das vendas, a companhia já faturou US$ 1,9 milhão em turismo (pacotes) e US$ 5,8 milhões em hospitalidade no Brasil — além de US$ 800 mil desta última categoria no Canadá.
“Será a Copa do Mundo da libertação, com a população do planeta vacinada contra o coronavírus” Paulo Castello Branco, presidente do Grupo Águia.
VOOS Comprar pacotes e ingressos de hospitalidade não basta. É preciso chegar lá. E as companhias aéreas estão de olho neste filão. As nacionais Azul, Gol e Latam definem o planejamento para atender os brasileiros que adquiriram pacotes turísticos e os que pretendem viajar por conta própria. Já as internacionais Qatar Airways e Emirates programam aumento do número de voos do Brasil rumo a Catar e Dubai em 2022.
A Qatar Aiways opera diariamente dois voos próprios — sem contar os de codeshare com outras companhias — do Aeroporto Internacional de Guarulhos para Doha, capital do Catar. A passagem na classe econômica teve valor médio de R$ 8 mil em dezembro, redução para R$ 6,3 mil em média em janeiro e de alta para R$ 10,2 mil em média já no início do mundial. Em fevereiro, a empresa deve iniciar a operação de uma nova rota entre Doha e o Brasil, desta vez com destino final ao Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.
A Emirates, que reiniciou em outubro a rota diária entre São Paulo e Dubai com o gigante Airbus A380, deve retomar em breve os voos com parada no Rio e destino final para Santiago, no Chile. Os trechos haviam sido suspensos na pandemia. Os preços variam em média de R$ 9,2 mil em janeiro de 2022 a R$ 7,5 mil em novembro, antes da abertura da Copa. A empresa ainda não disponibiliza no site opção de compra de passagem para o período da competição.
TRAJE Outro segmento que já navega em clima de Copa do Mundo envolve as gigantes de vestuário esportivo – Adidas, Nike, Puma e Under Armour. De olho em um mercado que, globalmente, movimenta US$ 300 bilhões pelo anualmente, segundo estudo da consultoria Sports Value. O especialista Renato Jardim, diretor executivo da Associação pela Indústria e Comércio Esportivo (Ápice), aposta na realização de ações promocionais das empresas de material esportivo no Brasil. “Sempre ocorre o lançamento de um uniforme novo de uma ou outra seleção, ou de determinados calçados e acessórios para um consumo momentâneo”, disse. Até aqui, 13 das 32 seleções com vaga assegurada na competição já são conhecidas.