06/01/2022 - 17:46
Por Tim Kelly
TÓQUIO (Reuters) – De tocadores de música a videogames, a Sony tem feito apostas frequentes para ser pioneira, mas um salto em direção ao mundo dos carros elétricos leva os riscos a serem enfrentados pelo grupo japonês a um novo patamar.
Apesar de o presidente-executivo da Sony, Kenichiro Yoshida, ter surpreendido nesta semana na feira de tecnologia CES, ao dizer que a empresa está criando uma divisão de mobilidade, as ações da empresa recuaram 7% nesta quinta-feira uma vez que perceberam o tamanho do desafio de lançar um carro equipado com sensores, dispositivos eletrônicos e serviços de entretenimento.
O objetivo principal, segundo analistas, é criar um veículo autônomo conectado por serviços como compartilhamento de viagens, algo que pode superar as vendas dos próprios carros.
A empresa de pesquisa de mercado MarketsandMarkets estima que “mobilidade como serviço” é um mercado que pode alcançar 40 bilhões de dólares até 2030, ante cerca de 3 bilhões em 2021.
Mas analistas ressaltam que a Sony provavelmente vai ter que investir pesado para conseguir levar seu protótipo Vision-S, revelado pela primeira vez na CES há dois anos, ser capaz de competir de maneira efetiva.
“Vai ser um mercado duro para ter sucesso”, disse Takaki Nakanishi, analista do setor automotivo no Instituto de Pesquisa Nakanishi em Tóquio.
A Tesla, líder do segmento de elétricos, despejou bilhões de dólares para revolucionar o setor, recebendo apoio de investidores durante anos de prejuízos.
A Sony está entrando numa crescente lista de empresas de tecnologia que estão explorando oportunidades no mercado automotivo, incluindo Apple, LG e Foxconn, acrescentou Nakanishi.
Para que os produtos destas empresas possam rodar, terão que cumprir com uma série de regulamentações de segurança mais rígidas do que as aplicadas ao mundo dos eletrônicos de consumo.
“A Sony não vai conseguir fazer o que a Tesla fez, os obstáculos são muito grandes”, disse Nakanishi, adcionando que um caminho mais fácil para a companhia seria terceirizar a produção dos veículos para empresas como a própria Foxconn.
A Sony ainda não revelou se e como vai fabricar um carro com sua marca, mas recrutou uma montadora para produzir o protótipo ao fazer aliança com uma fábrica na Áustria controlada pela fabricante canadense de autopeças Magna. A empresa produz componentes para marcas como BMW, Mercedes Benz e Toyota.
Outros membros do projeto da Sony incluem a fabricante de autopeças Bosch, a companhia francesa de tecnologia automotiva Valeo e a startup húngara de veículos autônomos AImotive.
O mercado de veículos elétricos ainda é pequeno, mas o ritmo das vendas tem superado os modelos com motores a combustão.
Uma consequência do fenômeno é o valor da mercado da Tesla ser hoje quatro vezes maior que o da Toyota, apesar de sua produção ser apenas um décimo da maior montadora do mundo.
Mas montadoras tradicionais como Toyota, General Motors, Volkswagen e Stellantis estão começando a contra-atacar, com planos de investimentos de bilhões de dólares, o que aumenta os riscos para novos entrantes como a Sony.