08/01/2022 - 1:38
A produção mundial de carne causa o dobro da poluição da produção de alimentos de base vegetal, sendo responsável por quase 60% de emissões de gases com efeito de estufa provenientes da produção alimentar, segundo um novo e importante estudo publicado na Nature Food.
Segundo esta pesquisa, a totalidade do sistema de produção alimentar, que inclui a utilização de máquinas agrícolas, pulverização de fertilizantes e transporte de produtos, causa a emissão de 17,3 bilhões de toneladas métricas de gases com efeito de estufa por ano. Esta enorme libertação de gases, que alimenta a crise climática, é mais do dobro da totalidade das emissões dos EUA e representa 35% das emissões globais, afirmam os cientistas.
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“As emissões estão no limite superior do que estávamos esperando, [o que] foi uma pequena surpresa”, disse Atul Jain, cientista climático da Universidade de Illinois e coautor do artigo, publicado na Nature Food.
De acordo com os resultados da pesquisa, a criação e abate de animais para alimentação é muito pior para o clima do que o cultivo e processamento de frutas e vegetais para a alimentação das pessoas. O que confirma conclusões de estudos anteriores, sobre o impacto no ambiente da produção de carne, particularmente da carne de vaca.
Esta pesquisa revelou que o recurso a animais como vacas, porcos e outros para alimentação, além da produção de rações para gado, é responsável por 57% de todas as emissões da produção alimentar, em que 29% são provenientes do cultivo de alimentos de base vegetal. O restante provém de outras utilizações da terra, tais como para a produção de algodão ou de borracha. Só a carne de bovino é responsável por um quarto das emissões produzidas pela criação e cultivo de alimentos.
Os animais de pasto requerem muita terra, que muitas vezes é adiquirida através do desmatamento, bem como vastas extensões adicionais de terra para cultivar e produzir a sua alimentação. O artigo agora publicado conclui que a generalidade do solo usado para cultivo, no mundo, serve para alimentar o gado e não as pessoas.
“Quando se combinam todos estes dados, percebe-se que as emissões são muito elevadas”, referiu Xiaoming Xu, outro pesquisador da Universidade de Illinois e o principal autor do artigo.
“Para produzir mais carne é necessário alimentar mais os animais, o que gera mais emissões. É preciso mais biomassa para alimentar os animais, a fim de obter a mesma quantidade de calorias. O que não é muito eficiente”.
A diferença nas emissões entre a produção de carne e a produção vegetal é acentuada – para produzir 1 kg de trigo, são emitidos 2,5 kg de gases com efeito de estufa. Enquanto um único quilo de carne de vaca gera 70 kg de emissões. De acordo com os cientistas, as sociedades deviam se conscientizar desta discrepância significativa ao enfrentarem a crise climática.
Os pesquisadores construíram uma base de dados que permitiu criar um perfil consistente das emissões de 171 colheitas e 16 produtos de origem animal, extraindo dados de mais de 200 países. Descobriram que a América do Sul é a região com a maior quota de emissões derivadas de alimentos de origem animal, seguida do Sul e Sudoeste Asiático e depois da China.