08/01/2022 - 0:30
É interessante perceber que a Terra está constantemente trocando materiais com o sistema solar circundante. Isto é, a poeira que acelera pelo espaço bombardeia regularmente o nosso planeta sob a forma de estrelas cadentes, e os gases da atmosfera da Terra infiltram-se regularmente no espaço. Mas então… o planeta está se expandindo ou encolhendo? Entender se ela ‘cresce’ ou ‘diminui’ pode ajudar a saber se esse efeito ameaça a vida na Terra.
Numa troca constante entre a Terra e o meio que a acolhe, a dúvida que se instala é se o nosso planeta se está a expandir ou a encolher. Devido aos presentes gasosos da Terra para o espaço, o planeta – ou, para ser específico, a atmosfera – está encolhendo, segundo Guillaume Gronoff, um cientista pesquisador que estuda a fuga atmosférica no Langley Research Center da NASA, na Virgínia. Contudo, apesar de estarmos encolhendo, o valor não é assim tão elevado.
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Conforme é citado no trabalho do pesquisador, os planetas são formados pela acreção (acumulação de matéria na superfície), isto é, quando o pó do espaço colide e se acumula cada vez mais numa massa maior. Após a formação da Terra há cerca de 4,5 bilhões de anos, este “engordar” continuou a acontecer sob a forma de material trazido pelos meteoros e meteoritos.
Pois bem, quando um planeta se forma, neste momento começa outro processo: a fuga atmosférica. Portanto, esta perda de gases acontece através de um processo semelhante à evaporação, mas numa escala diferente. Segundo Gronnoff, na atmosfera, o oxigênio, hidrogênio e átomos de hélio absorvem energia suficiente do sol para escapar à atmosfera.
Então como é que estes processos afetam a massa global da Terra? Os cientistas só podem estimar.
“Claro, ainda é uma pesquisa, porque é difícil medir a massa da Terra em tempo real. Não temos o peso da Terra com a precisão necessária para ver se a Terra está a perder ou a ganhar”, disse o cientista.
Contudo, observando a taxa de meteoros, os cientistas estimam que cerca de 16.500 toneladas – cerca de uma torre Eiffel e meia – têm impacto no planeta todos os anos, acrescentando à sua massa, disse Gronoff.
Os pesquisadores estimaram a taxa de fuga atmosférica, “é algo como 82.700 toneladas ou 7,5 Torres Eiffel. Isto significa que a Terra está perdendo cerca de 66.100 toneladas por ano. Embora isso pareça muito, no contexto de todo o planeta, é muito, muito pequeno”, explicou o cientista do Langley Research Center.
Mas a Terra poderá perder a sua atmosfera?
Há constantemente uma perda de atmosfera. No entanto, utilizando estimativas de fuga atmosférica estabelecidas ao longo dos últimos cem anos, Gronoff calculou que, a uma taxa de 60.000 toneladas de atmosfera perdida por ano, a Terra levaria 5 bilhões de anos para perder a sua atmosfera se o planeta não tivesse maneira de repor.
Portanto, mesmo que não houvesse reposição dos gases que envolvem o nosso planeta, seriam precisos muitos milhões de anos para desaparecer um elemento crucial à vida.
Contudo, este número de 5 bilhões é num caso extremo, porque o oceano e outros processos, como erupções vulcânicas, ajudam a repor a atmosfera da Terra. Portanto, levará mais de 3.000 vezes esse tempo – cerca de 15,4 trilhões de anos – antes que a Terra perca a sua atmosfera.
Apesar disso, antes que tal fenômeno aconteça, infelizmente, a Terra passará a ser inabitável de qualquer forma devido à evolução do Sol, que se espera que se torne num gigante vermelho dentro de cerca de 5 bilhões de anos.