Na busca para saber se está infectado e proteger colegas de trabalho e familiares, os testes rápidos de antígeno estão desempenhando um papel central. Empresas e pessoas comuns têm buscado essa solução para seguir mais próximo da normalidade pré-pandemia. Eles ajudam a detectar infecções precocemente e interromper cadeias de contágio.

Muitos cidadãos preferem se submeter a um teste antes de visitar os parentes em lares para idosos ou de cuidados especiais, ou antes de participar de reuniões privadas. No entanto, a consequente sensação de segurança pode se revelar enganosa, sobretudo neste momento em que a variante ômicron é dominante.

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No final do ano passado, a FDA – agência reguladora dos Estados Unidos – alertou que os testes rápidos de antígeno são menos sensíveis à ômicron do que às variantes anteriores, podendo resultar em falsos negativos.

Antes mesmo da declaração da FDA já havia dúvidas quanto à confiabilidade dos testes rápidos. Pesquisadores examinaram mais de perto um grande número dos testes de antígenos disponíveis: 20% foram desqualificados, por não reagirem nem mesmo a uma grande carga viral. Segundo um estudo, 26 dos 122 testes examinados não preenchiam sequer a exigência mínima de 75% de sensibilidade.

Essa quantidade é definida pelo índice Ct, referente ao número de vezes que uma amostra precisa ser reproduzida em laboratório até que o material genético do vírus seja detectável. Quanto mais baixo esse índice, maior a carga viral: um Ct de 25 ou menos indica que o portador é extremamente contagioso; de 25 a 30, a carga viral é alta; entre 30 e 36, moderada.

Para a testagem do coronavírus, recolhem-se secreções das vias respiratórias, com um esfregaço do nariz e/ou da garganta. Se a amostra contém pouca quantidade de vírus, devido o paciente estar apenas no começo ou já no fim da infecção, ou se tiver ingerido muito líquido antes da coleta, os testes expressos não são muito confiáveis.

Por isso, no caso de resultado positivo deve-se realizar logo em seguida um teste de reação em cadeia da polimerase (PCR), que é muito mais seguro.

Tudo isso, porém, não significa que os testes rápidos sejam inúteis. Muitas vezes, eles ajudam a conter a pandemia, ajudando a detectar infecções com grande rapidez, rompendo assim a cadeia de contágio, sobretudo quando se trata de portadores de carga viral alta.

No entanto, mesmo quem apresenta um resultado negativo pode estar infectado e contaminar outros. Dois dias antes dos primeiros sintomas, os pacientes de covid-19 já são contagiosos. Nesse estágio – ou em se tratando de um quadro assintomático – os testes de antígeno não são inteiramente seguros. Por isso não se deve confiar demasiado em seus resultados, apoiando-se numa sensação de segurança enganosa.