15/01/2022 - 19:06
A Petrobras e a Novonor deram o pontapé inicial na venda de suas participações na Braskem. Nessa primeira oferta pública, para a qual as empresas protocolaram nesta sexta-feira pedido de registro aos órgãos reguladores do mercado de capitais do Brasil (CVM) e dos Estados Unidos (SEC), serão vendidas até 154,9 milhões de ações preferenciais da série A. Ao preço de fechamento dos papéis no pregão de quinta-feira da B3, a operação movimentaria pouco mais de R$ 8 bilhões.
As duas sócias manterão o controle da petroquímica neste primeiro momento. Conforme o prospecto preliminar da oferta subsequente publicado no site da Comissão de Valores Mobiliários já na madrugada deste sábado, também não haverá colocação de lote adicional ou suplementar. À SEC foi pedido um ‘registro de prateleira’, o que agiliza a realização de outras ofertas adiante, bastando que seja publicado um prospecto adicional com informações atualizadas sobre a companhia.
“Quando se vende no mercado, acho lógico fazer uns testes. A gente está no meio de uma pandemia, em um ciclo de alta no petróleo”, avaliou João Luiz Zuñeda, sócio da Maxiquim, consultoria especializada no setor químico. “Acho que foi uma maneira muito inteligente fazer, em tranches, para poder ir pilotando a venda e ver qual é o real valor da ação.”
O preço dos papéis nesta oferta será estipulado após rodada de apresentação a investidores institucionais. Do total ofertado, 75,7 milhões de ações pertencem à Petrobras e 79,2 milhões, à NSP Investimentos, holding da Novonor, ex-Odebrecht, em processo de recuperação judicial.
Para Zuñeda, o fato de os bancos coordenadores terem aceitado tocar a operação mesmo com um dos vendedores sob essa condição é um dos sinais positivos emitidos no anúncio. O coordenador líder da oferta global é o Banco Morgan Stanley. Atuam também na operação JPMorgan, Bradesco BBI, BTG Pactual, Citi, Itaú BBA, Santander e UBS BB.
Mas a notícia mais alvissareira, segundo o especialista, foi a velocidade com que foi dada a partida nessa primeira operação. “Os dois sócios majoritários e o time da própria Braskem resolveram isso já em janeiro. Alguns achavam que isso aconteceria em fevereiro. Para isso se dar rápido, os sócios têm que estar pensando juntos. No passado isso não se deu. Então, todas as forças estão se juntando, levando adiante.”
Da oferta global, a ser realizada simultaneamente na B3 e na Bolsa de Nova York, apenas 10% serão disponibilizados ao varejo, dois quais 90% com lock-up de 45 dias. Apenas 1% da oferta global será oferecido ao varejo sem qualquer trava de negociação.
Uma distribuição previsível, na opinião de Zuñeda. Ele lembra que adiante a empresa migrará o seu capital para o Novo Mercado, o que envolverá a conversão dessas preferenciais em ordinárias, única classe admitida naquele ambiente de negociação. Por isso, é preciso deixar que o mercado se acomode gradativamente, até que fique mais evidente quem formará o novo bloco de controle da Braskem, quando Petrobras e Novonor finalmente se desvencilharem de suas participações.