18/01/2022 - 17:32
O número de casos de covid-19 confirmados no município do Rio de Janeiro nos primeiros 18 dias de 2022 já corresponde a mais de um quarto de todos os casos que foram confirmados na cidade em 2021, segundo dados do painel mantido pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS).
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Na atualização de hoje do painel, a secretaria informou que foram confirmados 76.466 casos de covid-19 em 2022, o que representa cerca de 26% dos 285.916 casos que o município registrou no ano passado e mais de um terço dos 217.833 casos confirmados em 2020.
Ainda que o número de casos esteja crescendo rapidamente, o Rio registrou desde 1° de janeiro 36 óbitos por covid-19. No primeiro mês do ano passado, quando a cidade não contava com cobertura vacinal e os casos eram causados por outras cepas do SARS-CoV-2, mais de 1,2 mil mortes por covid-19 foram confirmadas entre os dias 1 e 18 de janeiro, segundo dados do painel Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Assim como outras partes do país, o Rio de Janeiro têm enfrentado uma rápida disseminação da variante Ômicron do novo coronavírus, considerada uma variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Apesar de estar associada a casos mais leves de covid-19, a variante se mostrou muito mais transmissível que as outras mutações do vírus, o que tem motivado alertas de pesquisadores sobre a possibilidade de haver sobrecarga dos sistemas de saúde.
Segundo a SMS, havia ontem 674 pessoas internadas por covid-19 na rede pública da capital fluminense. Entre esses pacientes, 269 estão em leitos de unidade de terapia intensiva (UTI), o maior número desde 2 de outubro do ano passado.
A rápida disseminação da doença também causou uma alta na demanda por testes. A Secretaria Municipal de Saúde afirma que ampliou sua capacidade de testagem em 48 vezes e já realizou cerca de 600 mil testes desde o início do ano. “Nesse momento de grande demanda nos postos da rede municipal e da alta taxa de transmissão da variante Ômicron, a orientação é que preferencialmente pessoas sintomáticas procurem se testar para não sobrecarregar o sistema de saúde e para evitar a exposição ao vírus”, recomenda a SMS.
O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia no Rio de Janeiro, Rodrigo Lins, ressalta que o cenário requer que a população mantenha as medidas preventivas, como o uso de máscara e distanciamento social, e busque completar o esquema vacinal, com segunda dose, quando for o caso, e dose de reforço. Por parte do poder público, ele afirma que é preciso ter atenção para garantir que haja equipes de saúde suficientes e capacitadas para atender a esse maior número de casos.
“Vemos um aumento do número de pacientes internados, sendo a maior parte deles de pessoas que têm menos vacinas, uma boa parte não vacinados ou só com uma dose”, afirma ele, que lembra que a alta circulação do vírus também acaba infectando pacientes com outros problemas de saúde. “O hospital acaba tendo que internar para tratar não só a covid-19, mas a descompensação de outras doenças que ele já tinha”.
O infectologista avalia que a expansão da Ômicron foi potencializada pelas festas de fim de ano, marcadas por aglomerações e reuniões familiares, e afirma que é impossível estimar quando a variante vai atingir o ponto máximo de sua transmissão. “Houve uma subida muito alta, a curva é muito íngreme, e a tendência dessas curvas muito íngremes é ter uma queda também abrupta. Isso foi visto em outros países como a África do Sul”.