25/01/2022 - 19:58
Após a desvalorização das últimas semanas, a ação do Nubank negocia 20% do abaixo do preço definido na oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), realizada em dezembro. O banco digital vendeu papéis a US$ 9 na oferta, e na tarde desta terça-feira, 25, a cotação era de US$ 7,20 na Bolsa de Nova York.
+ Nubank: conheça os 7 acionistas majoritários do banco digital
O papel chegou a ser negociado a US$ 11,85 dias após a estreia, em sua máxima até agora. Desde então, caiu cerca de 40%, diante do contexto de mercado negativo para papéis de empresas de tecnologia. A expectativa de altas de juros nos Estados Unidos neste ano tirou atratividade de ações de empresas com alto crescimento e lucro zero – como o Nubank.
Há duas semanas, a desvalorização do papel já havia feito a fintech perder o posto de instituição financeira mais valiosa da América Latina para o Itaú, que ocupava o posto até o IPO do Nubank. Com a queda sofrida desde então, a instituição já vale menos que o Bradesco.
Em dólares, o segundo maior banco privado do País tem capitalização de US$ 35,6 bilhões. O Itaú é avaliado em US$ 40,5 bilhões. Já o Nubank tinha valor de mercado de US$ 32,9 bilhões, cerca de US$ 9 bilhões a menos do que o valor com que estreou na Bolsa.
Após a bem-sucedida oferta inicial, as expectativas do mercado se voltam para os resultados do quarto trimestre de 2021, que serão os primeiros que o Nubank divulgará como companhia aberta. A fintech ainda não informou em qual data os números serão publicados.
Em relatório divulgado nesta segunda, 24, o Itaú BBA projetou que o Nubank apresentará lucro de R$ 203 milhões no período, mas que fechará 2021 com prejuízo de R$ 326 milhões. As receitas totais da fintech devem crescer 28% em relação ao terceiro trimestre, para R$ 2,6 bilhões, graças à expansão da base de cartões e da carteira de crédito como um todo. O número de clientes deve chegar a 53,4 milhões.
O analista Pedro Leduc, do Itaú BBA, disse que a desvalorização das últimas semanas pode estar relacionada à combinação entre o cenário de mercado e as expectativas do investidor para as ações do Nubank. “Um cenário global mais adverso para growth (papéis de crescimento) tira o investidor internacional do papel. Sobra o local, e aí entra a perspectiva para o desempenho”, disse.
O BBA vê um ano desafiador para os bancos digitais brasileiros. A casa ponderou que a dependência dos cartões de crédito como um problema. “Cartões de crédito são um produto-chave para a monetização e o engajamento em bancos digitais, e é onde provavelmente veremos a maior deterioração da inadimplência – particularmente entre brasileiros de menor renda, que respondem pela maior parte das bases de clientes do Nubank e do Pan”, afirmaram os analistas.
Procurado, o Nubank não comentou.