Num ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 4,5%, o saldo positivo de 2,731 milhões de empregos formais em 2021 foi bastante expressivo. Foi superada até a marca histórica de 2,630 milhões vagas criadas em 2010, quando a economia brasileira havia decolado 7,6%. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Olhando para frente, no entanto, é esperado um resultado mais modesto no mercado de trabalho neste ano por conta da forte desaceleração da economia – em vez de um crescimento de 4,5%, prevejo um Pibinho (expansão) de 0,5%.

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Neste contexto, acredito que a geração de empregos com carteira de trabalho continuará com um saldo positivo, ou seja, as admissões devem superar as demissões na maioria dos meses, mas num ritmo mais suave.

Além do Pibinho, outro fator que vai esfriar o mercado de trabalho é o fim dos efeitos do programa BEm (Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda), que permitia a suspensão temporária do contrato de trabalho ou a redução proporcional da jornada de trabalho e do salário com o objetivo de se evitar demissão na pandemia. Como o BEm terminou em agosto do ano passado, os acordos ainda em vigor não poderão mais ser renovados, o que pode causar uma onda de demissões nas empresas que ainda não conseguiram se recuperar da pandemia.

É difícil prever um número exato para o saldo de vagas formais do Caged em 2022. Se o Brasil conseguir registrar um saldo líquido positivo de um milhão de postos com carteira de trabalho neste ano, será um resultado satisfatório, mas insuficiente para atender os 12,4 milhões de desempregados – muitos dos quais só conseguirão algum trabalho no mercado informal.