11/02/2022 - 1:35
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Enquanto alguns partiram do zero com projetos mirabolantes e dignos de ficção-científica, o eslovaco Stefan Klein teve uma ideia simples e a colocou para funcionar — aliás, de tão simples, poderia ter sido desenhada por uma criança.
Assim nasceu o carro voador, o primeiro no mundo com certificado de aeronavegabilidade, dado pela autoridade eslovaca de transporte.
A simplicidade se deu em olhar um carro e pensar: “Vou colocar asas, uma grande hélice e um aerofólio na traseira”. Pronto. O projeto do fundador e CEO da Klein Vision virou realidade, quase como uma réplica do clássico e recordista da corrida de LeMans, o Porsche 917, só que com asas.
A corrida dos eVTOLs, ou aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical, tem nomes como a israelense Urban Aeronautics, que desde 2006 vem desenhando um shutter com hélice para decolagens e poucos no meio da cidade, ou a brasileira Embraer, em parceria com a Eve, que teria mais de 600 encomendas já. Mas obter o OK pra voar é o passe final que todos os grandes investidores do meio desejam — a Urban Aeronautics quer US$ 100 milhões para finalizar seu projeto, enquanto a Klein, que não revela oficialmente seus números, teria gasto perto de 2 milhões de euros para conseguir chegar ao certificado, precisando de mais 4 milhões para lançar sua produção em massa.
Klein teve um cofundador, Anton Zajac, e uma equipe de desenvolvimento que fez mais do que só completar um sonho infantil iniciado em 1989: foram oito especialistas altamente qualificados que passaram mais de 100 mil horas trabalhando nos protótipos Aeromobil 2 e 3 até chegarem no AirCar final, que fez mais de 200 decolagens e pousos, como podem ser vistos em vídeos no site da empresa (www.klein-vision.com) e no Youtube.
“O certificado que conseguimos abre as portas para a produção em massa de um carro muito eficiente. É a confirmação final de nossa habilidade de mudar as viagens de média distância para sempre”, disse Klein. E é praticamente isso mesmo, já que alcança 300km/h com motor BMW de seis cilindros e 140hp (sim, é a gasolina, não é elétrico), e tem autonomia de 1 mil km. Enquanto outras empresas fizeram belos protótipos no computador e alguns testes em lugares discretos (ninguém quer ver o veículo cair, certo?), o AirCar realizava seus tranquilos voos — muitos deles feitos pelo próprio fundador, que tem mais de 1,2 mil horas de voo em aviões ‘normais’ e 3 mil pilotando um glider. “Ele realmente se comporta como uma aeronave no modo de voo”, afirmou Klein.
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Expert do ar Professor, graduado na Universidade de Tecnologia na Eslováquia em 1983, com estudos na Academy of Fine Arts and Design (Afad, na qual foi chefe do departamento deTransportes e Design), École des Beaux Arts et Design e autor de projetos inovadores em cooperação com marcas automotivas como Audi, BMW e Volkswagen, Klein está longe de ser um cientista loucão. As asas são retráteis, para que ele possa retornar às estradas.
Você mora no interior? Constrói uma pequena pista em sua propriedade e vai para o aeroporto mais próximo na cidade grande. Recolhe as asas e vai para o escritório.
Experts em aerodinâmica avaliaram os projetos, fizeram cálculos e mais cálculos e atestaram que o carro poderia voar. Apesar do visual comum, sua lataria não tem nada a ver com o seu carro: usaram um material composite na fuselagem, feito por uma renomada companhia eslovaca, que ajuda na aerodinâmica do AirCar.
A Morgan Stanley, de serviços financeiros, avalia que o mercado de carros voadores será de US$ 1 trilhão até 2040 — investidores, incluindo dos Estados Unidos, já fizeram ofertas, mas Klein acredita que o dinheiro que já tem em casa é o suficiente.
Ah, só para garantir, o AirCar traz um paraquedas, caso seja necessário.