No ano passado, 11 empresas listadas na B3, a bolsa de valores brasileira, deram bonificação em ações a seus acionistas, segundo dados levantados pela Economatica. SLC Agrícola, Itaúsa (holding que inclui Itaú Unibanco, XP, Alpargatas, entre outras empresas), Dexco, Lojas Renner, Porto Seguro, Bradesco, Panatlântica, Cemig, Bradespar (braço não financeiro do Bradesco), Schulz e SulAmérica distribuíram ações sem cobrar nada por elas.

A bonificação é a distribuição gratuita de novas ações proporcionais ao capital já investido pelos acionistas de uma companhia. É uma forma de compensar o investidor quando a empresa está bem financeiramente, ou seja, obtendo lucros acima do esperado.

Ela lança mão da prática quando não deseja pagar dividendos – distribuição obrigatória para as empresas que geram lucro, proporcional aos ganhos do negócio e paga em períodos determinados – juros sobre o capital próprio (JCP), um tipo de dividendo antes do lucro, ou diminuir a participação de sócios majoritários.

Também pode ser uma forma de possibilitar um ajuste na cotação das ações, tornando o preço mais atrativo e acessível a um maior número de investidores ou ainda melhorar a adequação do saldo das reservas de lucros frente aos limites legais.

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Abaixo você confere a lista completa das empresas que bonificaram em 2011:

AçãoClasseCódigoData do último provento
SLC AgrícolaONSLCE330/12/2021
ItaúsaONITSA320/12/2021
PNITSA420/12/2021
DexcoONDXCO314/12/2021
Lojas RennerONLREN304/11/2021
Porto SeguroONPSSA320/10/2021
BradesparONBRAP320/09/2021
PNBRAPA20/09/2021
PanatlânticaONPATI330/08/2021
PNPATI403/08/2021
CemigONCHIG330/04/2021
PNCHIGA30/04/2021
BradescoONBBDC316/04/2021
PNBeDC416/04/2021
SchulzONSHUL315/04/2021
PNSHULA15/04/2021
SulAméricaONSULA329/03/2021
PNSULA429/03/2021
UNT N2 SULA1129/03/2021

Fonte: Economatica

Livre escolha

Ao contrário do pagamento dos dividendos, a bonificação não é obrigatória por lei e o volume de ações distribuídas é de livre escolha de cada empresa. O Bradesco, por exemplo, teve um lucro líquido recorrente recorde de R$ 26,2 bilhões em 2021 e já anunciou uma bonificação de 10% das ações neste ano, caso aprovada em Assembleia Geral Extraordinária.

No ano passado, o banco já havia bonificado os acionistas em 10% das ações. No ano anterior havia dado 20%. Desde 1972, o Bradesco tem mantido a prática de bonificação de ações quase anual. Já a Itaúsa também bonificou ações em 2020, um total de 5% sobre o capital investido, mas nos dois anos anteriores não fez uso da prática.

Não há uma data certa para ocorrer a bonificação. Essa é uma decisão deliberada na assembleia geral pelo voto dos acionistas. Vale registrar que não há aumento de recursos da empresa, mas sim uma movimentação de contas internas, sem alterar seu patrimônio líquido, mas sim a base acionária da companhia, que aumenta.

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Bonificação em ações é bem avaliada

Por ser um ato voluntário da empresa é uma prática bem vista no mercado financeiro. Ela atrai novos investidores e especuladores, pois o número de negociações e a liquidez de seus papéis tende a aumentar quando uma empresa faz o seu anúncio.

A primeira consequência da bonificação é a queda de cotação das ações individuais. Ainda que o preço caia, a quantidade de ações aumenta proporcionalmente. Assim, o capital investido se mantém inalterado e o investidor não perde dinheiro na conta final. 

Apesar da prática não ser obrigatória por lei, ela segue algumas poucas regras. É preciso deliberar em uma assembleia geral a data e a quantidade de ações que serão distribuídas. Depois, emitir um fato relevante (comunicado ao mercado) com as informações da bonificação, inclusive a indicação da data limite para a compra das ações que garantirão o seu recebimento.

Na data de distribuição das ações, é considerado o capital que cada investidor tem da empresa. E, na próxima vez que a empresa for pagar proventos (dividendos ou JCP), o acionista receberá mais, já que agora possui mais ações.

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