Por Francois Murphy e Parisa Hafezi e John Irish

VIENA (Reuters) – Um acordo entre Estados Unidos e Irã que está tomando forma para reviver o pacto nuclear iraniano de 2015 com potências mundiais estabelece fases de medidas mútuas para trazer os dois lados de volta ao cumprimento total, e a primeira delas não inclui renúncias a sanções petrolíferas, segundo diplomatas.

Enviados de Irã, Rússia, China, Reino Unido, França, Alemanha, União Europeia e Estados Unidos ainda estão negociando detalhes do esboço de acordo em meio a alertas ocidentais de que o tempo está se esgotando até que o pacto original se torne obsoleto. Os delegados dizem que grande parte do texto está resolvida, mas algumas questões espinhosas permanecem.

O objetivo geral é retornar à barganha original de suspender as sanções contra o Irã, incluindo aquelas que reduziram suas vendas cruciais de petróleo, em troca de restrições em suas atividades nucleares que estendem o tempo que Teerã precisaria para produzir urânio enriquecido suficiente para uma bomba atômica, se assim o desejar.

O Irã violou muitas dessas restrições e foi muito além delas em resposta à retirada dos EUA do acordo em 2018 e sua reimposição de sanções sob o então presidente Donald Trump. Enquanto o acordo de 2015 limitava o enriquecimento de urânio a 3,67% de pureza físsil, o Irã agora está enriquecendo até 60%, próximo ao grau de armamento.

O Irã insiste que seus objetivos são totalmente pacíficos e que deseja dominar a tecnologia nuclear para uso civil. Mas as potências ocidentais dizem que nenhum outro Estado enriqueceu a um nível tão alto sem desenvolver armas nucleares e os avanços do Irã desde a retirada dos EUA significam que o acordo de 2015 em breve estará totalmente esvaziado.

O esboço do texto do acordo, que tem mais de 20 páginas, estipula uma sequência de etapas a serem implementadas assim que for aprovado pelas demais partes do acordo, começando com uma fase que inclui a suspensão do enriquecimento pelo Irã acima de 5% de pureza, disseram três diplomatas familiarizados com as negociações.

O texto também faz alusão a outras medidas que, segundo diplomatas, incluem o descongelamento de cerca de 7 bilhões de dólares em recursos iranianos bloqueados em bancos sul-coreanos sob sanções dos EUA, bem como a libertação de prisioneiros ocidentais detidos no Irã, o que o principal negociador dos EUA, Robert Malley, sugeriu ser uma exigência para um acordo.

Somente quando essa onda inicial de medidas for tomada e confirmada, a fase principal da suspensão de sanções começará.

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