Nem o Catar nem qualquer outro país tem capacidade para substituir o fornecimento de gás russo à Europa por gás natural liquefeito (GNL) em caso de interrupção devido a um conflito entre Rússia e Ucrânia, garantiu nesta terça-feira o ministro do setor da energia do Catar. Com a maioria da produção presa a contratos de longo prazo, sobretudo para compradores asiáticos, a quantidade que pode ser desviada para a Europa é de apenas 10 a 15%, acrescentou Saad al-Kaabi.

Os comentários de Kaabi renovaram as preocupações sobre a segurança do abastecimento de gás da Europa, à medida que as tensões aumentaram entre a Rússia e a Ucrânia nesta terça-feira (22), depois de Moscou ter ordenado tropas em duas regiões separatistas no leste da Ucrânia.

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“A Rússia é responsável entre 30 e 40% do fornecimento para a Europa. Não há um único país que possa substituir esse tipo de volume, não há capacidade de fazer isso com GNL”, disse Kaabi, em Doha. “A maior parte do GNL está associada a contratos de longo prazo e destinos que são muito claros. Então, repor aquele volume rapidamente é quase impossível”, explicou.

Os Estados Unidos e os seus aliados europeus devem anunciar novas sanções contra a Rússia depois de o presidente Vladimir Putin ter reconhecido formalmente a independência das duas regiões no leste da Ucrânia, as sanções podem afetar o fluxo russo de gás para a Europa.

A Alemanha interrompeu nesta terça-feira o projeto do gasoduto Nord Stream 2 no Mar Báltico, projetado para duplicar o fluxo de gás russo direto para a Alemanha.

O Catar e outros países como o Japão foram recentemente abordados pelos Estados Unidos para redirecionar o fornecimento de gás para a Europa, caso o conflito aumente. No entanto, as poucas cargas que chegaram à Europa eram cargas já programadas através de uma joint-venture entre a JERA do Japão e a EDF da França e não houve aumento da oferta.

“Ainda não vimos nada de concreto acontecer com o fornecimento. Isso obviamente pode mudar, mas claramente, o Catar e Japão estão limitados na sua capacidade de ajudar com cargas extras se a Europa perder o acesso ao gás russo”, disse Robert Songer, analista na empresa de inteligência de commodities ICIS.