23/02/2022 - 9:06
A produção brasileira de peixes de cultivo fechou mais um ano em crescimento. Em 2021, a atividade registrou volume acima de 841 mil toneladas, desempenho que supera o do ano anterior em 4,7%, e faturamento de R$ 8 bilhões. Esses dados foram apresentados ontem (22) pela Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR), durante o evento de lançamento do anuário do setor. A entidade faz esse levantamento desde sua fundação, em 2014, e o avanço médio do segmento tem se mantido próximo de 5,6%. No ano passado foi um pouco diferente porque, assim como as demais cadeias produtivas de proteína animal, a piscicultura enfrentou problemas de fornecimento e altos custos de insumos básicos.
A expansão do setor ainda poderia ser melhor se o consumo de pescados no mercado interno fosse maior. De acordo com a própria PeixeBR, esse índice não chega a cinco quilos por habitante/ano. No momento, o desafio para mudar esse cenário é dobrado. De um lado, grande parte da população brasileira tem mudado hábitos alimentares por conta da pandemia da Covid-19. Sobretudo no ano passado, devido aos altos níveis de desemprego e à redução do poder aquisitivo. Os aumentos de preço da carne bovina também levaram muita gente a buscar opções mais baratas, como frango e suíno, até mesmo nos churrascos.
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O pessoal da piscicultura também estava de olho nessa oportunidade, mas ainda tem o desafio de oferecer produtos com preços mais competitivos em relação às demais proteínas, segundo o presidente da PeixeBR, Francisco Medeiros. “É importante para que mais pessoas consumam pescados, não só nas classes com maior poder aquisitivo”, disse o executivo. Para Medeiros, a cadeia produtiva se movimenta nessa direção, principalmente pelo contínuo investimento das empresas verticalizadas em novos produtos. A espécie representa 63,5% da produção total. Foram 534 mil toneladas no ano passado, quase 10% a mais do que em 2020.
As exportações brasileiras de pescados de cultivo somaram quase 10 mil toneladas no ano passado, volume 49% superior ao de 2020. Em faturamento, o avanço de um ano para o outro foi ainda melhor: chegou a 78% com os US$ 20,7 milhões de 2021. Aqui também a tilápia teve papel de destaque. “Devido a questões de preços e logística, não conseguíamos atingir com relevância esse mercado de tilápia inteira e filé congelado. Agora acessamos”, afirmou Medeiros. “Isso é importante porque esses segmentos representam o maior mercado nos Estados Unidos e no mundo como um todo. O mercado de filé fresco, no qual atuamos por muito tempo, é menor e mais restrito.” O Brasil já é o quarto maior produtor global de tilápia, atrás de China, Indonésia e Egito, de onde a espécie é nativa.