20/03/2022 - 8:25
O Exército russo bombardeou uma escola de arte que servia de abrigo para várias centenas de pessoas na cidade de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, disseram autoridades locais neste domingo (20), acrescentando que civis ficaram presos nos escombros.
“Ontem (sábado, 19), os ocupantes russos lançaram bombas na escola de arte G12 (…) onde 400 moradores de Mariupol – mulheres, crianças e idosos – se refugiaram”, declarou a prefeitura da cidade portuária sitiada pelas forças russas.
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“Sabemos que o prédio foi destruído e que pessoas pacíficas ainda estão sob os escombros. O número de vítimas está se tornando claro”, acrescentou a prefeitura em comunicado no Telegram.
Mariupol, uma cidade no sudeste da Ucrânia com uma população de 450 mil habitantes antes da guerra, está sob bombardeio pesado há várias semanas pelas forças russas e seus aliados separatistas pró-russos.
Neste domingo, o governador da região de Donetsk, Pavlo Kirilenko, também acusou Moscou de “deportar à força mais de 1.000 moradores de Mariupol” que vivem no leste da cidade para a Rússia, sem especificar quando os eventos ocorreram.
Segundo ele, as forças russas montaram “campos de filtragem” onde “verificam os telefones” dos moradores de Mariupol antes de “confiscar seus documentos de identidade”. “Eles então são enviados para a Rússia”, afirmou no Facebook, acrescentando que “seu destino do outro lado (da fronteira) é desconhecido”.
Essas declarações não puderam ser verificadas imediatamente de forma independente.
Na quinta-feira, a Ucrânia acusou Moscou de bombardear um teatro da cidade onde centenas de moradores estavam refugiadas, ignorando o aviso “Diéti” (“Crianças”, em russo) escrito no chão em letras gigantes ao lado do prédio. Ainda não há relatório de vítimas.
Segundo o governo ucraniano, mais de 2.100 pessoas foram mortas em Mariupol desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
Os sobreviventes se refugiam nos porões, encarando situações miseráveis. Algumas das famílias que conseguiram fugir disseram ter visto corpos nas ruas por dias.
Infligir “algo assim a uma cidade pacífica (…) é um ato de terror que será lembrado ainda no próximo século”, disse neste domingo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, denunciando um “crime de guerra”.
A cidade é de importância estratégica, pois sua captura permitiria à Rússia unir suas tropas na Crimeia com as de Donbas (leste), enquanto bloqueia o acesso ucraniano ao Mar de Azov.